Em 1910, numa Conferência Internacional realizada na Dinamarca, foi decidido homenagear, por via das mulheres brutalmente assassinadas 53 anos antes em Nova Yorque, todas as mulheres do mundo, instituindo-se o dia 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher.
Ainda hoje, são frequentes notícias de mulheres vítimas de todo o tipo de abusos e discriminação.
As mulheres do meu país morrem quase ao ritmo dos dias que passam, sofrem de maus tratos e falecem às mãos daqueles que lhes juram amor e protecção até que a morte os separe.
Estiveram e estão na primeira fila da luta. Quando reivindicam hoje nas fábricas ou ontem no campo, lutando por trabalho e pão são ofendidas e assassinadas por aqueles que as deviam proteger.
Desempenham as mesmas profissões que os homens e são tão competentes como os melhores mas a diferença salarial atinge nalgumas profissões vinte cinco e os trinta por cento. São elas as primeiras a ser despedidas, são elas, essencialmente, que vão à escola saber dos filhos, que vão com eles ao médico e é sobre elas que recai a responsabilidade de “aguentar a casa”, chamavam-lhes “fadas do lar”.
A nossa Constituição garante igualdade de direitos para os dois sexos, mas aquilo que vemos no dia a dia é a discriminação disfarçada, é a tolerância condescendente é a hipocrisia instalada.
Veja-se o escândalo do aborto clandestino, que perante a indiferença de alguns o preconceito de outros e a teimosia de muitos faz com que num qualquer vão de escada, mulheres arrisquem a vida e se sujeitem à afronta dos tribunais.
Mas elas não vergam, encontramo-las hoje um pouco nos diversos domínios da sociedade. Estão no ensino, na investigação, nas artes, no desporto, na política no mundo empresarial mas também no campo, nas fábricas nas forças armadas e em tantas outras profissões
Elas são escritoras, poetisas, pintoras, desportistas, podem ser quase tudo o que quiserem mas têm que ser melhores para serem igualmente reconhecidas.
É no ensino superior que a mulher atinge posições de destaque, mas é também aí que ela está em maior número.
Na política, a inferioridade numérica da participação de mulheres é uma realidade que não se altera legislando ou decretando, mas sim com uma mudança urgente de mentalidades.
Elas sabem que terão que ser “Elas” o motor dessa mudança. Por isso é preciso que, tal como diz Maria Velho da Costa, reafirmem em uníssono:
“elas disseram à mãe, segure-me aqui os cachopos, senhora,/ que a gente vai de camioneta a Lisboa/ dizer-lhes como é./ Elas iam e não sabiam para onde, mas iam”.
Por altura de mais uma comemoração do dia internacional da mulher a Câmara Municipal de Odivelas, saúda todas as mulheres do nosso Concelho e o seu imprestável contributo para o desenvolvimento do Concelho, do País e da humanidade.
Odivelas, 8 de Março de 2006
Os vereadores da CDU
A Moção foi aprovada por unanimidade.