Comunicado da Célula do PCP da FCSH

Face aos acontecimentos da semana passada, a célula do PCP da FCSH manifesta o seu
repúdio pela atitude da direcção da faculdade, que continua a contribuir para a crescente
higienização política do espaço público. Para além de solicitar a intervenção policial sobre os
estudantes, a pretexto de garantir a segurança nas instalações, a direcção ainda permitiu
que elementos externos à comunidade – numa acção de provocação – chamassem as
autoridades contra os estudantes, sob falsos pressupostos, legitimando a sua agenda
sensacionalista.
Para além das detenções e identificações que ocorreram na FCSH na sequência destas
intervenções, também na FPIE-UL o mesmo aconteceu, e, na Cantina Velha da
Universidade de Lisboa, os estudantes que distribuíam propaganda política relativa a uma
concentração contra o aumento do custo do prato social foram intimidados pela polícia.
Estes acontecimentos são graves, sobretudo se considerarmos as limitações ao exercício
das liberdades democráticas que deles decorrem.
A acção das autoridades académicas, incluindo o inaceitável recurso à intervenção policial
nos seus espaços, ameaça o exercício da democracia e vem limitar todo e qualquer tipo de
acção política e reivindicativa, seja a pretexto da segurança ou da imagem das instituições.
Não é a discussão política que prejudica as instituições, mas a ausência de hábitos e
espaços de confronto democrático.
As comemorações do quinquagésimo aniversário da Revolução de Abril mereciam um outro
quadro, justamente por homenagearmos este ano aqueles que resistiram e se mobilizaram
pacificamente – a começar pelos estudantes – para defender a democracia e o direito à
educação.
As liberdades democráticas não se cingem ao acto do voto. E as direcções das
universidades devem contribuir para estimular o espírito crítico e o exercício democrático de
participação e reunião. Para lá da apreciação sobre os conteúdos, a forma e a afirmação dos
protestos pacíficos, agora alvo de acção intimidatória, a célula do PCP reafirma a
importância de preservar os espaços de diálogo, de protesto e de organização política que
potenciam a nossa democracia.