Ilídio Esteves Para Ilídio Esteves, há que destacar o papel de António Tereso, que «revelou um talento especial: fingir sentimentos que não tinha e ocultar sentimentos que tinha». Mas, destacou, a própria «descoberta do camarada Tereso e a sua aparente conversão em “rachado” nasce da discussão tida na direcção da organização prisional». E a ideia de o colocar na sala dos trabalhos nasce de um funcionário clandestino, o José Magro, acentuou. Ilídio Esteves considera que se não tivesse havido organização do Partido na prisão, com ligações com todas as salas, iludindo os guardas, e se não tivesse havido a discussão no Partido acerca das possibilidades de «abrir uma fenda na muralha», não teria havido fuga. E se foi possível fugir da forma como fugiram naquela manhã de 4 de Dezembro de 1961 foi porque «quando os comunistas caíam na prisão não ficavam desarticulados. Os comunistas organizavam-se». Entre as preocupações dos comunistas quando eram presos, Ilídio Esteves realça uma, pouco referida: «aproveitar o tempo valorizando-nos». Assim, contou, «muitos camaradas camponeses e analfabetos saíam da prisão sabendo ler e muitos deles com condições para tirar a instrução primária». Um camponês do Couço, que conheceu, aprendeu a ler na prisão e chegou mesmo a tirar um curso superior. |