Depois de ter visitado os mercados de Oeiras, Carnaxide e Tercena, onde se anotaram problemas e se registaram comentários de agrado quanto ao facto de Carnaxide e Tercena terem passado para a alçada das respectivas Juntas de Freguesia e terem deixado de depender directamente da Câmara, Daniel Branco visitou hoje o mercado de Algés. A comitiva, que integrava outros candidatos municipais e Amílcar de Campos, actual vereador da CDU, percorreu demoradamente o mercado, ouvindo e anotando.
O mercado encerrará em Julho, para obras por decisão da câmara e, segundo esta, durarão um mês. Esta decisão nem é pacífica nem são, na opinião dos vendedores, credíveis as previsões. Teme-se o arrastamento. Os problemas decorrentes são imensos e diversos, sendo considerados violentos e insuportáveis os investimentos que os arrendatários das bancas terão de realizar para a modernização do mercado. “Se o mercado tivesse procura… mas os clientes faltam… a câmara não liga nenhuma… e isto bateu no fundo…” Ia-se saltando de assunto e de problemas, ilustrando o descontentamento. Das questões de pequenas reparações não solucionadas – “há uma casa de banho que não está a funcionar… a reparação há tempos feita, foi por alguém que desenrascou…” – a aspectos mais relacionados com o funcionamento – “depois das 8 da manhã, já não nos entregam gelo…” ou “a prática de outros horários de funcionamento poderia atrair mais pessoas…” – tudo era anotado, com os necessários detalhes para o perfeito esclarecimento de todas as reclamações. De entre as pessoas ouvidas, umas manifestavam desolação pela incapacidade de discutirem e se unirem em torno dos problemas ou propostas de soluções, outras admitiam que, por se estar tão mal, talvez haja condições para procedimentos mais cooperativos e solidários, que cada um se solidarizasse em defesa de um objectivo comum.
Mas a questão central, para além das relacionadas com a gestão corrente e com as obras, está na referida expressão “isto bateu no fundo”. A questão que tem que ser enfrentada é a ausência de uma estratégia para a sobrevivência do negócio e para o papel que os mercados municipais deverão ter como formato indispensável na venda a retalho, inserida na cadeia global de abastecimento. No decurso da visita algumas ideias foram surgindo: “integração de produtos biológicos na oferta de venda?”, “revisão do actual papel do MARL, deixando de competir directamente com os mercados municipais?”, foram algumas das interrogações. Uma certeza ficou: a CDU tem aqui um vasto e complexo campo de reflexão que continuará a fazer com os principais interessados. É um passo que a CDU terá que dar: questionar toda a gestão municipal e perceber, com os interessados, como sair do fundo.