Dando mais um exemplo do seu conceito de política de juventude, o governo prepara-se para extinguir o Incentivo ao Arrendamento Jovem (IAJ), programa criado em 1992 e que em 2006 terá abrangido cerca de 25.000 jovens.
Para começar, e de acordo com notícias vindas a público, o plafond estabelecido para o corrente ano equivale a uma redução em 50% da média registada entre 2004 e 2006 (Diário de Notícias de 05.02.2007).
Ainda de acordo o mesmo jornal, que refere ter como fonte o Instituto Nacional da Habitação, a nova filosofia do governo passará pela criação de um novo programa habitacional designado Porta 65, o qual integrará todas as políticas de habitação, retirando a especificidade do apoio aos jovens.
A partir daí, aquilo que até agora tem funcionado como um direito dos jovens que reúnam os requisitos legalmente estabelecidos para aceder ao Incentivo ao Arrendamento Jovem, passará a funcionar por concurso, fazendo depender o número de beneficiários das verbas que o Governo entenda disponibilizar e não das reais necessidades dos jovens.
Citando o presidente do INH, o jornal refere que, “a maior parte dos jovens beneficiários estão no escalão de rendimentos mais baixos, pelo que se espera que venham a ser encaminhados para a habitação social.” Ou seja, em vez de potenciar o mercado de arrendamento, reconhecido pelo próprio responsável do INH como aspecto positivo deste programa, o governo empurra os jovens para listas de espera sem fim à vista que é a realidade da habitação social.
Todos conhecemos as carências que nesta matéria o concelho de Odivelas apresenta, pois, não obstante o reconhecido investimento da Câmara Municipal neste domínio, ele está longe de responder às necessidades da população.
Os números tornados públicos pelo Senhor Vereador da Habitação apontam para a existência de cerca de 490 famílias registadas como residindo em habitações precárias, das quais cerca de 380 estão recenseadas no PER, a que acrescem cerca de 600 pedidos de habitação registados nos serviços. Ora, os projectos em curso permitirão responder a uma pequena parte destas famílias.
Mesmo não dispondo de informação sobre o impacto do Incentivo ao Arrendamento Jovem na população do Concelho, é de admitir um aumento na procura de habitação social por parte desse grupo etário.
Com esta medida do governo, muitos são os jovens que não passarão a porta da casa dos pais, prolongando o ciclo de dependência e adiando projectos de vida autónoma, pois a aspiração a uma casa não passará de uma miragem.
Com esta medida, o governo faz letra morta do direito à habitação estabelecido no artigo 65.º da Constituição da República Portuguesa, mesmo que, por mero marketing político, tenha criado um programa designado Porta 65.
Resta saber para quantos e até quando essa porta se vai manter fechada!
Odivelas, 28 de Fevereiro de 2007
Os vereadores da CDU