Contrato Programa Municipália

O Contrato-Programa com a Municipália EM. agora aprovado pelo PS e o PSD e através do qual se assegura a transferência, para o ano de 2011, de 1.080.000 Euros a título de subsídio, vem uma vez mais comprovar, à semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores, a continuada e inequívoca dependência financeira por parte daquela empresa relativamente à Câmara Municipal e a inexistência de qualquer diminuição relevante – apesar dos anúncios nesse sentido – do “envelope financeiro” que, ano após ano, este município entrega àquela empresa . 

Mais uma vez a maioria neste executivo insiste e persiste numa opção política, em especial no que respeita ao desenvolvimento e ao projecto cultural para o Concelho que, como é de todos conhecido, não partilhamos, pelo que só pode continuar a merecer o nosso voto contra.
Como repetidamente temos afirmado, para nós, vereadores da CDU, a direcção do investimento da autarquia na promoção da cultura e na produção de espectáculos culturais deve pertencer ao Departamento Sócio-Cultural da Câmara Municipal e não consideramos correcto que se centre numa estrutura empresarial que, embora com autonomia administrativa e financeira, sobrevive quase exclusivamente dos avultados subsídios à exploração, dinheiros públicos que esta Câmara Municipal lhe atribui.
 
A CDU continua a defender um Departamento Sócio-Cultural verdadeiramente dinamizador do projecto cultural, onde o Centro Cultural da Malaposta pode e deve ser mais um pólo dinamizador da cultura inclusiva e para todos que defendemos e promovemos, mas não o único.
 
É possível manter a variedade e qualidade da programação artística da Malaposta ao mesmo tempo que se desenvolvem projectos de apoio às estruturas do concelho para a actividade cultural, às escolas de música, aos grupos de teatro, à defesa do património cultural etc…
 
Neste quadro só podemos continuar a reafirmar a nossa rejeição a esta política cultural, que seca e empobrece a actividade das associações e colectividades, dos agentes que, nas diferentes freguesias, têm tido um papel positivo na promoção e divulgação da cultura, que devem ser apoiados e incentivados, e concentra quase exclusivamente na Municipália todo o investimento feito neste domínio.
 
Uma situação que ganha ainda um maior relevo no quadro das dificuldades acrescidas que hoje vivemos, fruto da crise em que o Governo PS de José Sócrates, agora também com o apoio do PSD, fez mergulhar o país e que inequivocamente contribuiu para agudizar a difícil situação financeira em que se encontra este município.
 
Uma situação financeira de grande debilidade que, importa relembrar, foi apresentada como motivo e justificação para os pesados cortes constantes no Plano e Orçamento desta câmara para o corrente ano, que atravessam todos os sectores de actividade municipal, as transferências para as juntas de freguesia, no âmbito do protocolo de delegação de competências, na ordem dos 20%, os subsídios às corporações de bombeiros, ao movimento associativo, às instituições de solidariedade social etc. etc., com gravíssimos impactos na importantíssima actividade que por todos eles é desenvolvida, a favor da população deste concelho.
 
Apenas a Municipália parece estar imune a este clima de recessão, que a todos os outros atinge, vendo garantido um subsídio à exploração, assegurado por este município, com os mesmos valores do ano passado, mesmo quando não se vislumbra grande esforço de adequação da gestão desta Empresa Municipal a este novo contexto económico, um esforço naturalmente exigível, por maioria de razão, a quem gere dinheiros públicos, como ainda muito recentemente sublinhámos, quando da aprovação dos documentos previsionais da Municipália para 2011, aprovados pela maioria nesta câmara em Novembro passado.
 
A manifesta falta de capacidade para equilibrar este investimento e os efeitos perversos duma gestão bicéfala que, por opção da maioria neste executivo leva à sobreposição de atribuições e à duplicação de funções e serviços – como o próprio IGF, em inspecção feita a esta Câmara Municipal denuncia -, só pode merecer a reprovação dos vereadores da CDU.
 
O contrato-programa agora votado, enquanto instrumento que concretiza essa mesma errada opção só pode naturalmente e em coerência merecer igual reprovação e logo, o nosso voto contra.
 
Odivelas, 25 de Janeiro de 2011
Os Vereadores da CDU
 
Maria da Luz
Nogueira Rui Francisco
 
2.ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Odivelas
25.01.2011