Proposta de Lei do Arrendamento Urbano

Por iniciativa do Governo PSD/CDS-PP está presente, na Assembleia da República, uma proposta de Lei que, caso venha a ser aprovada e promulgada, altera profundamente o quadro legal existente.

Considerando que a proposta do Governo assenta na fragilização absoluta dos direitos dos inquilinos e arrendatários;

Condena à precariedade e à desestabilização os direitos de ocupação de habitações e de locais de atividade económica e social, levando ao despejo sumário de milhares de famílias, em particular das mais carenciadas, e ao encerramento de grande número de pequenas e micro atividades;


Visa exclusivamente facilitar as regras e os procedimentos de despejo, fragilizar e, em muitas situações, anular as garantias de transmissibilidade do contrato de arrendamento, e reduzir drasticamente o acesso à habitação;

Nada refere sobre condições de habitabilidade. Não melhora a regulamentação do mercado de arrendamento com o reforço dos direitos e garantias das partes contratantes. E não combate o mercado paralelo;

Assenta num conjunto de objectivos falsos e demagógicos tais como:

  • a inexistência de mercado livre de arrendamento, o qual existe e totalmente liberalizado desde 1990;

  • inexistência de habitações para arrendar, quando existem no país mais de 110 mil fogos à espera de serem arrendados;

  • redução do endividamento das famílias quando, ao contrário, estas vão ver exponencialmente aumentadas as suas despesas de habitação;

  • reabilitação das cidades, esquecendo que a actual degradação é devida à especulação financeira sobre os solos, dominante ao longo de décadas e em cujo espírito é construída a actual proposta de lei.

Neste quadro, a proposta de lei do Governo constitui um verdadeiro fator de precariedade do direito à habitação e de ocupação de espaços essenciais à manutenção de inúmeras atividades económicas, sociais e culturais. A ser aprovada e promulgada conduzirá ao aumento da pobreza e do desemprego, e ao avolumar das carências e dificuldades de centenas de milhares de famílias, condenando muitas delas a situações de exclusão extrema.

Porque assim é, a Assembleia Municipal de Odivelas reunida na 2ª Sessão Extraordinária em 8 de Março de 2012 delibera:

  1. Apresentar o seu mais vivo repúdio face à proposta de lei do Governo relativa a alterações ao regime de arrendamento urbano (Proposta de Lei n.º 31/XII);

  2. Exigir que, em sede própria, na Assembleia da República, esta proposta seja expurgada dos aspetos gravosos que a tornariam, a ser aprovada numa verdadeira lei dos despejos, sendo melhorada e transformada em efetiva lei regulamentadora do mercado de arrendamento, reforçando os direitos das partes e combatendo o mercado paralelo.

 

Esta Moção deverá ser enviada a:

Presidente da República;

Ao Governo através do Ministério responsável;

À Assembleia da República e a todos os Grupos Parlamentares

 

 

Odivelas, 8 de Março de 2012

Os Eleitos da CDU na Assembleia Municipal de Odivelas

2ª Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal de Odivelas