4ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Odivelas
28 .02. 2007
PONTO 10 – Campanha “Mil Milhões de Árvores para o Planeta”
Declaração de Voto
A árvore é um bem insubstituível na vida do homem, mas, por estranho que pareça, tem sido o homem o maior inimigo da árvore.
Cortam-se árvores, abatem-se arvoredos, destroiem-se florestas, como por exemplo na Amazónia, só na procura do lucro imediato, colocando deste modo em perigo a vida da humanidade no nosso planeta.
No nosso concelho tem sido também assim. Para “plantar cimento” em tudo quanto é sítio abatem-se árvores, algumas centenárias, outras mesmo protegidas por Lei. Quem não se lembra das árvores abatidas no local onde hoje se encontra instalada a posição de venda de combustíveis da Total, na freguesia da Ramada. Quem não se lembra do maciço arbóreo da Quinta dos Cedros que agora, repentinamente, começaram a morrer, secando. Porque será?
Neste contexto, surge agora a “Campanha dos Mil Milhões de Árvores para o Planeta” – Plante Uma Árvore – integrada no Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA). É evidente que este programa apareceu como reacção ao indício claro do fim da vida no planeta se nada se fizer para inverter a caminhada destruidora do homem que tudo sacrifica para ter mais dinheiro para dominar, explorar, escravizar o próprio homem. Para que servirá mil milhões de árvores no planeta se ao mesmo tempo se eliminarem dois mil milhões de árvores no mesmo planeta? Para que servirão mil árvores no nosso concelho se não se travar o avanço do cimento que até pode começar já pela preservação da Quinta dos Cedros e nela plantarmos muitas árvores em vez de as abatermos para em seu lugar aparecer mais cimento? Podemos dizer o mesmo aos terrenos do Governo Civil na Paiã ou da Serra da Amoreira. Ainda há dias caiu uma árvore no Pinhal da Paiã e nenhuma outra foi lá plantada para a substituir. Se por cada árvore que caia ou se corte, não for plantada uma centena, o défice é imparável.
Como exemplo, da situação a que o nosso país chegou, em matéria de políticas anti-árvore, o Estado português possuía cerca de 40 viveiros para produzirem árvores destinadas às nossas florestas. O governo decidiu acabar com cerca de 36 deles, ficando somente 4, pois entendeu que estava a fazer concorrência desleal aos hortos. Também forneciam árvores às diversas instituições do Estado que as solicitavam. Hoje, normalmente não fornece qualquer árvore gratuitamente a ninguém.
Todos temos de as pagar e algumas bem caras. É o lucro, meus senhores é o lucro, que determina certos políticos, determina o futuro do homem.
O Planeta está em perigo. São precisas políticas urgentes que defendam a vida no nosso planeta. Não serão estas iniciativas que vão resolver este grave problema.
Para além do exposto, temos que manifestar alguma preocupação perante as opções apresentadas neste processo para a plantação destas mil e cinquenta árvores. Já é muito tarde. Deviam ter sido plantadas pelo menos há dois meses. Agora, ou são plantadas próximas de linhas de água, terrenos húmidos, ou com condições para serem regadas. Se assim não for, temos receio que o grau de sucesso seja muito baixo.
Assim, vamos votar favoravelmente esta proposta, mas convictos que o caminho a seguir por esta Câmara tem de ser outro, mais coerente, mais eficaz, que salvaguarde as árvores que temos e se programe de imediato plantações anuais de grande quantidade de árvores mesmo pequenas para serem mais baratas e outras que bem podem ser produzidas em viveiros da Câmara. Não é difícil.
O alarme está aí, mas está ainda no início. Vai galopar, mas já será tarde demais quando quisermos evitar o pior para a humanidade. Esta acção é melhor que nada, mas não passa de um bálsamo para as nossas consciências.
Odivelas, 28 de Fevereiro de 2007
Os vereadores da CDU