Manuel Gouveia, AS TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

AS TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO
(A propósito do 11 Setembro de 2001)

Manuel Gouveia
(in Jornal da Voz do Operário)

Na página 63 do documento “Reconstruir as Defesas da America: Estratégias, Forças e Recursos para um novo Século”(*) , podemos ler: “Ainda, o processo de transformação, mesmo que aporte transformações revolucionárias, será provavelmente longo, excepto se se produzir algum evento catastrófico e catalizador – como um novo Pearl Harbor.”

O documento é de Setembro de 2000, e os patrocinadores, “Projecto para um novo Século Americano”, incluem personagens como Dick Cheney e Donald Rumsfield (**) , e no essencial defendem o seguinte: O estabelecimento de uma “Pax Americana” em todo o planeta, que garanta os interesses globais dos EUA; O gigantesco crescimento das despesas militares dos EUA; Uma transformação nas Forças Armadas dos EUA que as prepare para participar simultaneamente em múltiplos cenários de guerra, alargue a sua presença no planeta e lhes permita impôr o dominio imperial dos EUA ao longo de todo o século.

Como sabemos, em Novembro de 2000 estes personagens tomaram de assalto a Casa Branca. Dez meses passados, o Pearl Harbor de que tinham antevisto as vantagens estratégicas aconteceu: o 11 de Setembro de 2001.

A Pax Americana

Destaco que expressões como “Novo Século Americano” e “Pax Americana” são dos autores do texto, não minhas. E como sabemos, “Pax Romana” foi o nome sobre o qual o Império Romano apresentou ao mundo de então as vantagens civilizacionais da sua dominação imperial sobre outros povos. Uma “Pax” que de paz nunca teve muito, pois só a hegemonia militar das legiões romanas permitia impôr esse domínio. Hegemonia reafirmada em permanentes guerras e massacres.
O objectivo das classes dominantes dos EUA de impedir qualquer perspectiva de desenvolvimento global assente na cooperação entre Nações livres e iguais, e de impôr uma nova ordem internacional imperial assente na sua força militar é pois transparente, e não o resultado de qualquer teorização “anti-americana”.

As “Teorias da Conspiração”
Como qualquer busca na Internet lhes pode apontar, é extremamente vasto o conjunto de informação sobre os acontecimentos de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. E aí se pode encontrar muita informação que os meios de Comunicação Social Dominados não se atrevem a fazer circular. É aquilo a que vulgarmente se chamam “As teorias da conspiração”. Uma informação que levanta e fundamenta justas interrogações sobre a versão oficial do 11 Setembro elaborada na Casa Branca.

As interrogações são muitas: As imagens do ataque ao Pentágono são compativeis com uma colisão de um avião comercial? A queda das Torres resultou apenas do embate de dois aviões? As rotas de aproximação às Torres e ao Pentágono são executáveis nas condições descritas? As chamadas de telemóvel dos aviões podem ter ocorrido nas condições de altitude descritas? Porque desapareceram as caixas negras dos aviões? Estão vivos a maioria dos terroristas suicidas responsabilizados pelo ataque? Etc., etc., etc.. Mas sobre estas e tantas outras interrogações, apenas podemos exigir o total esclarecimento da verdade, como o estão já a fazer centenas de milhar de pessoas nos próprios EUA. Não dispomos dos meios técnicos e humanos para as esclarecer. (***)

Mas temos, todos, a obrigação de reflectir sobre este acontecimento, onde perderam a vida milhares de seres humanos, e que justificou já a morte de dezenas de milhar outros. E reflectir partindo de factos.

Os factos

O primeiro facto histórico estabelecido é que é corrente a montagem de acções provocatórias para justificar perante as opiniões públicas os maiores crimes. O início da II Guerra Mundial dá-se com um ataque a um posto fronteiriço alemão por tropas alemãs com uniformes polacos. O Golpe de Estado Nazi dá-se com o incêndio do Parlamento alemão, pelos nazis, mas cuja responsabilidade foi atribuida ao Partido Comunista. A intervenção norte-americana na Guerra de Libertação de Cuba tem como base o ataque a um Navio dos EUA, perpetrado pelos próprios EUA.

Um outro facto é que, por diversas vezes, se estudou na hierarquia militar e política dos EUA a montagem de acções provocatórias. Sublinha-se os planos recentemente revelados de uma invasão a Cuba em resposta a “uma acção terrorista cubana montada pela própria CIA”.

Facto também que as forças responsabilizadas pelos ataques de 11 de Setembro haviam sido uma criação da CIA, inicialmente para destabilizar o Afeganistão Democrático, mas que em anos muito recentes combatiam ainda na Bósnia ao lado dos EUA.

Não menos factual, a constatação de que só o 11/9/01 permitiu à Administração Bush concretizar os planos de guerra já estabelecidos contra o Afeganistão e o Iraque, aumentar os orçamentos militares dos EUA, aprovar um conjunto de restrições às liberdades dentro dos próprios EUA, e reforçar o unilateralismo nas relações internacionais.

Facto ainda que, na sequência do 11/9/01, enormes fortunas se consolidaram, quer no complexo militar-industrial (produção, substituição e investigação de armas; reconstrução de infraestruturas destruidas; logistica de apoio às tropas dos EUA), quer na Indústria Petrolifera.

Concluindo

Talvez nunca se venha a apurar se o 11/9/01 foi um “Pearl Harbor” montado/permitido pelos sectores mais reacionários da estutura político-militar dos EUA. Mas o que é seguro afirmar é que os homens que projectam a “pax americana” são criminosos o suficiente para o fazer, e que os cerca de 4 milhares de mortos ocorridos em solo americano a 11/9/01 foram a desculpa necessária para a concretização de um plano militar já existente, e cujo objectivo não é combater “o terrorismo” mas antes impôr, pelo terror, os interesses das classes dominantes dos EUA a todo o mundo.

Projecto Imperial que os povos vão derrotar!

(*) Disponivel na Internet em: http://www.newamericancentury.org/RebuildingAmericasDefenses.pdf
(**) Vice-Presidente e Ministro da Defesa da Administração Bush
(***) Sugiro a consulta de: www.geocities.com/killtown www.pentagonresearch.com www.911blogger.com www.loosechange911.com