Editorial
O PCP realizou, na Assembleia da República, no passado dia 17 de Fevereiro, uma audição pública dedicada ao livro e à leitura, actual situação e perspectivas, com o objectivo de abordar diversas temáticas de interesse para esta área, designadamente o Plano Nacional de Leitura, as bibliotecas escolares e públicas, a leitura e o ensino de literatura, bem como debater os meios e as condições para a criação e a difusão literária. A riqueza do debate, as questões suscitadas e o alargado e diversificado leque de presentes permitiram aprofundar a nossa reflexão nalgumas das várias componentes que contribuem ara nriquecimento (ou empobrecimento) da cultura literária do povo português, desde os elementos necessários à criação aos que potenciam a sua fruição.
Elementos como os relativos ao ensino, a relevância as bibliotecas e a escassez dos seus recursos materiais e humanos, apesar dos avanços conseguidos nas ultimas três décadas, a importância da rede de mediadores de leitura, praticamente desmembrada com o Governo PSD/CDS, outros aspectos relativos à estrutura do Estado, nomeadamente a fusão feita entre vários serviços, concentrando-os num só – a Direcção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas – a concentração em grandes grupos da edição e da distribuição, bem como as limitações económicas que a maioria dos autores enfrenta, estiveram presentes na reflexão. Sobre este último elemento assinale-se a importância, quer simbólica, quer efectiva, da aprovação e consequente inclusão no Orçamento do Estado para 2017 de uma iniciativa do PCP apresentada aquando da discussão deste documento: a retoma da atribuição de bolsas à criação literária. Cabe ao Governo regulamentar o concurso que as atribuirá mas pugnaremos para que esta medida seja potenciada ao máximo de forma a aumentar o número de obras de qualidade publicadas. A valorização da criação literária, dos autores, e a reflexão, o debate e a proposta sobre a difusão da leitura de literatura têm sido linhas presentes na intervenção do PCP. Continuaremos a fazê-lo, certos que o faremos melhor debatendo com outros. Reafirmamos esta disponibilidade, em forma de repto, aos vários intervenientes no vasto processo da criação à fruição de literatura.