O teu trabalho tem valor. Todo o trabalho tem valor. Mas, quando trabalhas por conta de outrem, o salário que recebes no final do mês é bastante inferior ao valor que produziste com o teu trabalho. A diferença entre o valor que criaste com o teu trabalho e o que por ele te é pago fica para o teu patrão. A essa diferença chama-se lucro. Chama-se também exploração.
Não é um juízo de valor nem uma consideração moral sobre o teu patrão. É uma constatação de facto. É pura matemática.
A produção de qualquer bem ou serviço depende da conjugação dos fatores de produção. No caso dos serviços jurídicos, a renda do escritório, o custo do papel, dos tinteiros, da eletricidade, da internet e outros fatores de produção concorrem para a criação do produto final. Concorre também o teu trabalho, a tua inteligência, o teu tempo.
O preço final que é cobrado ao cliente corresponde à soma dos valores de todos estes fatores de produção incorporados no produto final. Parte desse preço dirá respeito, naturalmente, aos custos que o patrão suportou; o resto será lucro.
Se o valor do teu trabalho – o julgamento a que foste, o contrato que elaboraste, a estratégia processual que delineaste, o acordo que negociaste – te fosse pago na justa medida do seu valor, o teu patrão não teria lucro. Nem um único cêntimo. Mais uma vez: é pura matemática.
Repara:
Digamos que a sociedade onde trabalhas cobra aos seus clientes 125 € pela tua hora de trabalho. Sejamos generosos e digamos que trabalhas apenas 8 horas por dia e apenas 22 dias por mês. Então: 125 €/h X 8 horas por dia X 22 dias por mês = 22.000. 22.000 euros de valor criados todos os meses pelo teu trabalho. Desses 22.000 € por mês quantos te são pagos a ti?
É pura matemática. Para que uns ganhem mais do que trabalham, outros têm de ganhar menos do que produzem. Por muito bonito que seja o edifício do escritório, por muito extensa que seja a lista de contactos do teu patrão, se não fosses tu e o teu trabalho, nenhum valor se teria produzido – e, consequentemente, nenhum lucro teria sido realizado.
Portanto, quando no final do mês receberes o teu salário não te esqueças de o dividir pelas horas que trabalhaste nesse mês. Quão abaixo fica do preço do que o teu patrão cobrou por essas tuas horas aos clientes? E quantos outros colegas como tu trabalham nesse escritório, nessas mesmas condições?
É pura matemática. É pura exploração.
É da natureza do sistema capitalista que assim seja. O lucro do patrão depende da apropriação do valor criado pelos trabalhadores. Para que os trabalhadores recebessem a justa parte do que contribuíram para o processo produtivo o patrão teria de abdicar do lucro. Abdicarias tu do lucro se fosses patrão? Claro que não. Mas, se assim é, porque abdicas da justa remuneração do teu trabalho?
A resposta é simples: Porque não tens alternativa. Ou tens?
Há alternativa: a força da ação conjunta dos trabalhadores. A ação conjunta de todos aqueles que, como tu, todos os dias se levantam cedo e todos os dias se deitam tarde porque os horários desregulados não permitem articular a vida pessoal e familiar com a vida profissional.
A ação conjunta de todos aqueles que, como tu, todos os meses fazem contas à vida porque a avença – melhor dizendo, o salário! – não chega para tanto mês, tanta inflação, tanta especulação, fazendo-te perder poder de compra de ano para ano.
A ação conjunta de todos aqueles milhares de advogados e advogadas, com uma verdadeira relação de trabalho que, como tu, sabem que todo o trabalho tem valor e que não há criação de valor sem trabalho.
É com elas e com eles e contigo que o Partido Comunista Português luta todos os dias por melhores salários, por melhores condições de trabalho, pela possibilidade de compatibilizar a vida pessoal e profissional, por um vínculo laboral estável para cada posto de trabalho permanente, por um país mais livre e desenvolvido num mundo de Paz e cooperação entre os povos. É ao lado desses milhares de trabalhadoras e trabalhadores, como tu, que o Partido Comunista Português luta há mais de 102 anos e continuará a lutar.
É ao lado das advogadas e dos advogados, como tu, que trabalham como assalariados, a quem é recusado um vínculo estável e efetivo, um salário justo face ao valor do trabalho produzido, um horário regulado, o direito a férias gozadas e pagas, assim como o direito ao subsídio de férias e de natal, direito à maternidade e paternidade e tantos outros direitos que noutros setores os trabalhadores conquistaram através dessa sua ação conjunta, que o Partido Comunista Português luta e intervém.
É como parte integrante dessa justa luta das advogadas e advogados que te convidamos a subscrever o Boletim “Direito à Esquerda”, onde são abordados os problemas, as lutas e as aspirações da nossa classe, e o Podcast com o mesmo nome onde discutimos os temas da Justiça.
Porque só com mais força conseguimos defender mais direitos. Porque só com mais força podemos alcançar as vitórias necessárias. Porque só dando Mais Força Aos Trabalhadores se construirá uma sociedade mais livre, justa e democrática. Porque a tua força também é precisa para defender os valores de Abril. Por tudo isto, junta-te a nós nesta luta!
Organiza-te! Adere ao PCP!