Sobre o falecimento de Mário Moutinho Pádua

A Direcção do Sector da Saúde, da Organização Regional de Lisboa do PCP cumpre o doloroso dever de informar o falecimento de Mário Moutinho de Pádua, aos 87 anos de idade, e transmitir à família as suas sentidas condolências.
Mário Pádua foi um dedicado e corajoso militante comunista, tendo aderido ao PCP em Março de 1959, quando estudante da Universidade de Coimbra.
Médico recém-formado foi mobilizado para a guerra em Angola na primeira leva, em 1961, e aí actuou conforme a orientação do Partido. “Abismado perante a intensidade de crimes a que assistia ou de que era obrigado a conhecer a existência” escreveu um diário que se transformou num libelo de acusação da Guerra Colonial.
Depois de desertar com o Cabo Pinto para o Congo Zaire, difícil deserção que quase lhes custou a vida porque o Congo Zaire estava já dominado pelos assassinos de Lumumba. Libertados pela ação solidária de militantes do MPLA, Mário Pádua fez um desassombrado relato à ONU dos crimes do colonialismo português, em 1962. Rumou depois para a Checoslováquia, numa viagem atribulada por uma África em convulsão que tão bem descreveu na Estrada de Mil Léguas. Depois seguiu para a recém independente Argélia, onde se juntou à FPLN. Aí, em 1966, foi convidado por Amílcar Cabral para ir dar apoio ao PAIGC na qualidade de médico onde conviveu com médicos cubanos e vietnamitas. Tempos duros, em que lutou para salvar as vítimas da guerra colonial, guineenses de todas as idades, mas, também, soldados portugueses feridos que os guerrilheiros do PAIGC transportavam, percorrendo longas distâncias até ao posto médico na fronteira com o Senegal.
Posteriormente vai para Paris onde se especializou em Hematologia Clínica. Aí, sempre ligado ao PCP, prestou auxílio médico a diversos camaradas. Depois da Revolução do 25 de Abril regressou a Portugal tendo sido reintegrado no Exército Português onde prestou serviço no Estado Maior das Forças Armadas. Desmobilizado das forças armadas, passou a exercer a profissão de médico, participando ativamente, em simultâneo, na construção do Portugal de Abril. Nessa condição integrou o Grupo de Apoio à Reforma Agrária, constituído por profissionais de saúde que todos os fins de semana se deslocavam ao Alentejo para prestar cuidados médicos aos trabalhadores e
suas famílias.
Defensor da Paz e da Amizade entre os Povos, integrou diversas acções do CPPC Conselho Português para a Paz e Cooperação, sendo até ao momento membro da sua Presidência. Membro da URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses, participou em diversas iniciativas e com trabalhos para a denúncia do fascismo e sobre as prisões fascistas, em particular a cadeia de Caxias.
Destacado militante do PCP em defesa do SNS esteve sempre presente para desempenhar com empenho e dedicação qualquer tipo de tarefa para que foi solicitado.
Era membro do Organismo de Direcção do Sector da Saúde da Organização Regional de Lisboa do Partido Comunista Português.
Mário Pádua esteve sempre até à sua morte seguro que a luta por um mundo mais justo vencerá, empenhado na luta pela construção de uma democracia avançada vinculada aos valores de Abril na luta pelo socialismo e o comunismo, orgulhoso do seu Partido, o Partido Comunista Português.
O corpo de Mário Moutinho de Pádua estará em Câmara Ardente, a partir das 17h30 de hoje, na Casa Mortuária da Igreja de São Francisco de Assis, na Av. Afonso III (ao Alto de São João), em Lisboa.
O funeral realiza-se amanhã, Sábado, 23 de Setembro, pelas 16h50, para o cemitério do Alto de São João, estando a cremação prevista para 17h00.


Lisboa 22 de Setembro de 2023
A Direcção da Organização do Sector da Saúde da ORL do
PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS