Maio
Todo o Poder aos Sovietes!
As tarefas do Proletariado na nossa Revolução (Projecto de Plataforma do partido proletário)
A 3 de Maio, na introdução às Conclusões da Conferência de Abril do POSDR (b), Lénine dirige um apelo claro aos operários: “Preparai-vos e lembrai-vos que se juntamente com os capitalistas pudestes vencer em alguns dias com uma simples explosão de ira popular, para a vitória contra os capitalistas e sobre eles não é preciso apenas isso. Para tal vitória, para que os operários e os camponeses pobres tomem o poder, para que o conservem, para que o utilizem acertadamente, é preciso organização, organização e organização.”
A 5 de Maio, e na sequência da crise de Abril, é formado o primeiro governo de coligação com a entrada de ministros do socialismo pequeno-burguês para o Governo Provisório. Apenas o Partido Bolchevique se opõe, no Soviete, a esta coligação.
A prática rapidamente comprovou que a entrada no Governo dos mencheviques e dos socialistas-revolucionários se traduziria num seu maior apoio à política da burguesia e à sua guerra imperialista: O Governo retira direitos aos soldados em nome da eficácia militar e faz apelos à mobilização militar do povo para a frente; Tentam inclusive transformar o Soviete em propagandista da guerra e angariador de carne para canhão. No Governo, só as frases mudam, os actos, praticados ao serviço dos interesses da mesma classe, a burguesia, mantém-se inalterados.
Quando conseguem que o Soviete de Petrogrado vote a favor dos “empréstimo de guerra”, o Partido Bolchevique é o único que se lhe opõe, e declara: “Enquanto o Poder político e económico não passar para as mãos do proletariado e da camada mais pobre do campesinato, enquanto o objectivo da guerra for determinado pelos interesses do capital, os operários recusar-se-ão a dar o seu acordo a novos empréstimos que não são em benefício mas contra a liberdade revolucionária da Rússia”.
O Governo Provisório avança com a seguinte palavra de ordem: “O caminho para a paz passa pelas trincheiras do inimigo.” Tudo fica claro.
A situação económica continua também a degradar-se. A burguesia, reunida no Congresso dos Comités Industriais de Guerra de Toda a Rússia (6 (19) Maio), exige uma solução para a crise que seja conseguida à custa da classe operária, que apresentaria “reivindicações excessivas”.
Sobre a questão central da Terra, uma das questões centrais da revolução, a ausência de respostas concretas era total. E também aqui o Governo Provisório aponta a necessidade de combater “os excessos”, que “ameaçavam desorganizar toda a vida económica do país”.
Com a entrada do socialismo pequeno-burguês no Governo Provisório, a burguesia acalentava a esperança de acabar com a dualidade de poderes (como o expressou o Congresso dos democratas-constitucionalistas), concretizando a liquidação do poder dos Sovietes.
Mas o Partido Bolchevique, que organizava o movimento de massas, crescia de influência junto de todas as camadas populares, fruto de uma posição política clara e consequente que correspondia aos profundos anseios populares: Terra (expropriação imediata dos latifundiários) e Paz (fim da guerra imperialista). E o caminho proposto por este às massas para o alcançar era a palavra de ordem que ganhava peso a cada dia: Todo o Poder aos Sovietes!
Perante este quadro, os Serviços Secretos do Imperialismo (britânico em particular) lançam uma linha de calúnias contra o Partido Bolchevique e Lénine: agentes alemães infiltrados na Rússia, ouro alemão financiava o Partido Bolchevique, etc. etc.. Calúnias que eram rapidamente espalhadas pela pequena-burguesia e pela burguesia. A mesma táctica que levou na Alemanha à prisão dos comunistas alemães e na Inglaterra dos ingleses: Acusar de trair a pátria quem denunciava os verdadeiros traidores da pátria – a burguesia, que enviava milhões para a morte para defender as suas colónias.
Mas nenhuma suja campanha mostrava ser capaz de cortar o reforço da influência e prestígio do Partido Bolchevique e do seu líder: Lénine.
E as eleições para os Sovietes realizadas em Maio e Junho ilustram esta crescente influência. O Partido Bolchevique reforça a sua influência.
Como sublinhou Lénine no Postfácio à brochura “As tarefas do Proletariado na nossa Revolução”, escrito no final de Maio, “O ministério de coligação é apenas um momento de transição no desenvolvimento das contradições de classe fundamentais da nossa revolução, brevemente analisadas na minha brochura. As coisas não podem continuar assim muito tempo. Ou para trás, para a contra-revolução em toda a linha, ou para a frente, para a passagem do poder para as mãos de outras classes. Em tempo de revolução, em plena guerra imperialista mundial, é impossível ficar parado.”
Os meses seguintes o confirmarão.
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