Abrem este texto de Lénine os seguintes parágrafos:
“Os escritores burgueses escreveram e escrevem montanhas de papel, elogiando a concorrência, a iniciativa privada e outros magníficos valores e encantos dos capitalistas e da ordem capitalista. Acusavam-se os socialistas de não quererem compreender o significado destes valores e de não terem em conta a «natureza humana». Mas, na realidade, o capitalismo substituiu há muito a pequena produção mercantil independente, em que a concorrência podia, em proporções mais ou menos amplas, desenvolver o espírito empreendedor, a energia, a iniciativa ousada, pela grande e muito grande produção fabril, pelas empresas por acções, pelos consórcios e outros monopólios. A concorrência significa, sob tal capitalismo, o esmagamento inauditamente feroz do espírito empreendedor, da energia, da iniciativa ousada da massa da população, da sua gigantesca maioria, de noventa e nove por cento dos trabalhadores, significa também a substituição da emulação pela fraude financeira, pelo nepotismo, pelo servilismo nos degraus mais elevados da escala social.
O socialismo não só não extingue a emulação como, pelo contrário, cria pela primeira vez a possibilidade de a aplicar em escala verdadeiramente ampla, verdadeiramente de massas, de arrastar verdadeiramente a maioria dos trabalhadores para o campo de um trabalho onde podem revelar-se, desenvolver as suas capacidades, mostrar os talentos que no povo são uma fonte inesgotável e que o capitalismo esmagava, sufocava e estrangulava aos milhares e aos milhões.”