03 – O PENSAMENTO SOCIALISTA PRÉ-MARXISTA

Desde há séculos que pensadores avançados sonhavam com uma sociedade comunista e fraterna. Estas ideias ganham força com a Revolução Industrial em Inglaterra e com a Revolução Francesa de 1792.
Na denúncia da ordem social burguesa destacam-se os socialistas utópicos. Saint-Simon (1760-1827) denuncia as "classes parasitárias" e enaltece as "classes produtoras", e propõe a reconstrução da sociedade. Fourier (1772-1837) denuncia os absurdos da economia de mercado e propõe a constituição de comunidades de trabalhadores. Owen (1771-1858) contrapõe ao capitalismo a sociedade racional, fruto da livre federação de comunidades socialistas autónomas. Os socialistas utópicos (do grego utopia, "em nenhum lugar") apontam os males do capitalismo, pregam a sua superação, chegam a imaginar em detalhe a sociedade futura. Mas limitam-se a apelar à "razão humana", esperando convencer os exploradores a não mais explorar.
Já Blanqui (1805-1881), e outros, escolhem a via da acção revolucionária, mas confiam a revolução não às massas trabalhadoras mas a pequenos grupos conspirativos.
Em 1848 estas teorias mostram já os seus limites, quando dois acontecimentos quase simultâneos apontam uma alternativa. De um lado, surge o Manifesto do Partido Comunista. De outro, explode em França e em toda a Europa o ciclo de revoluções baptizado de Primavera dos Povos, naquela que Marx definiu como "a primeira grande batalha entre as duas classes que formam a sociedade moderna".