Depois de aberta a sessão, no Salão Nobre do Palácio do Marquês cheia de convidados e população, tomaram a palavra, na ordem prevista para as intervenções, a Presidente da Assembleia da União de Freguesias, o líder da bancada do CDS e, por ausência do Bloco de Esquerda, seguiu-se a CDU.
Rogério Pereira, líder da bancada desta Coligação Democrática Unitária, começou, após saudar os presentes, por enaltecer o desempenho na Assembleia de todas as forças aí representadas e a sua dedicação e o empenhamento em se encontrarem pontos de entendimento e consensos, na resolução dos problemas locais.
Rogério Pereira, salientou “Mesmo onde esse entendimento não existiu, na maior parte das vezes ele foi procurado e o confronto democrático tem decorrido, no essencial, dentro de um clima que dignifica este órgão deliberativo”, acrescentando que do diálogo terem-se gerado “ propostas, da nossa bancada, que conduziram a deliberações aprovadas por unanimidade, outras por maioria e não se pode afirmar, que a CDU se tenha posicionado com posturas de oposição pela oposição ou que se tenha posto à margem de qualquer iniciativa que considere ser em benefício das populações”.
O eleito da CDU deu como exemplo o facto de ele próprio ter sido eleito, por unanimidade, representante da União das Freguesias, no Conselho Municipal para a Saúde, facto que considerou ser um inequívoco sinal de confiança dos seus colegas da Assembleia.
Em passo seguinte da sua intervenção chamou a atenção da assistência para o facto de haver uma única área onde a CDU votou sistematicamente contra e referiu-se às matérias orçamentais denunciando que os instrumentos orçamentais “se limitam a legitimar um projecto de gestão autárquica, de forte centralização das decisões e com uma concentração desmesurada dos recursos patrimoniais e financeiros com fortes limitações à prestação de serviços de proximidade.”
Depois de referir o atraso no cumprimento da lei, quanto à delegação de competências e à não existência de “acordos de execução” que deveriam há muito ter sido assinados, foi dado como justificação dos votos contra o Orçamento, o exemplo das “ GOP, as Grandes Opções do Plano, que de grandes apenas se lhes pode apontar o título, a primeira , opção, fixa a verba 14.400,00 euros para o Boletim da União das Freguesias, verba bem superior a qualquer dos outros gastos previsionais em áreas de indiscutível importância, senão vejamos: 2.000 euros, no apoio a projetos pedagógicos; 9.074,00 euros, no apoio à cultura; 8.320,00 euros, no apoio às atividades desportivas, de recreio e de lazer; 6.500 euros no apoio a entidades e Associações Juvenis; 750,00 euros, no apoio à ação social-crianças e jovens; 11.500,00 euros, no apoio à ação social-séniores!!!”
A EXPLICITAÇÃO DO PROTESTO E O ABANDONO DA SESSÃO SOLENE
O líder da bancada da CDU relembrou várias passagens de uma Moção (27 de Novembro de 2013) aprovada por maioria (BE, PS, CDU e parte dos eleitos do IOMAF, tendo os restante optado pela abstenção) que se insurgia, em vários considerandos, contra a extinção das freguesias, nomeadamente o facto de as freguesias de Oeiras e S. Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias, terem sido extintas, á revelia da opinião expressa pelos respectivos órgãos autárquicos, sublinhava do texto a posição deliberada pela Assembleia: «1 – Reafirmar a sua oposição à liquidação de Freguesias de Oeiras e S. Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias e afirmar que as mesmas devem ser repostas, por aquilo que representam para as populações, com reforço das suas competências e meios financeiros.»
Referiu, de seguida, o que designaria por perplexidade de ver que as forças que aprovaram aquele texto, darem, de seguida, corpo ao objectivo de juntar as freguesias extintas num único brasão e numa única bandeira, e para «cúmulo da incoerência», aprovar e celebrar o que considerou «a celebração da extinção das Freguesias. (…) O que estamos celebrando, se coincide com o nascimento da União, é uma mistificação. Pois o dia 16 de Outubro celebra o desaparecimento de um passado com cultura e com história.»
Dirigindo-se, depois, ao Vice-Presidente da CMO, Carlos Morgado e ao Presidente da Junta, Nuno Campilho, deixou estas palavras finais: «Por este entendimento e em nome da coerência a CDU não pode permanecer nesta sala para escutar os vossos discursos. Depois de ouvirmos as intervenções dos líderes das outras bancadas, nossos colegas da Assembleia, abandonaremos esta sala.
É com um desgosto profundo que a abandonará nessa altura. Mas com uma palavra de esperança: a Moção aprovada irá ser cumprida, assim as forças políticas que a votaram acordem para uma posição coerente ou que as populações as façam acordar.»
Na altura anunciada abandonaram os eleitos da CDU abandonaram a sala, sendo seguidos por alguns presentes e perante o olhar compreensivo dos muitos que ficaram e acompanhariam a sessão solene até ao seu final.