Um grito desesperado de quem já tudo tentou ! – Pontinha

Um grito desesperado de quem já tudo tentou !…

Relato da visita à Escola EB. 2.3 Gonçalves Crespo – Pontinha a convite da Associação de Pais em 19 de Janeiro de 2007

Fica a dois passos de Lisboa e no entanto quem a visita julga-se, longe, num espaço  onde algumas centenas de alunos professores e funcionários foram deixados à sua sorte.

É uma escola com trinta anos mas dificilmente se enquadra aquele espaço no tempo. Por fora é quase normal, percebe-se que os pavilhões já tiveram melhores dias mas não transparece aquilo que se passa no interior. A escola foi ao longo destes anos degradando-se de uma tal maneira que nos questionamos de que materiais, que modelo que projecto deu corpo aquele espaço.

A cobertura exterior que une os vários pavilhões, foi em tempos de placas de lusalite de cano largo, hoje restam algumas tiras de lusalite, podre e suja sustentadas por uma estrutura em ferro ferrugento pintado só até onde um braço alcança.

Surpreende ver uma escola tão degradada mas limpa, não há um papel no chão. O chão das salas que foi revestido em tempos de mosaicos em plástico, hoje é de cimento esburacado mas está limpo, as paredes, que já foram pintadas há muito e onde já falta estuque, estão lavadas, o problema não é de higiene o problema é de conservação de manutenção de responsabilidade e vontade. Não há uma parede dum corredor, duma sala que não tenha rachas e isto é a consequência do abatimento do pátio exterior em volta dos pavilhões havendo já diferenças de um palmo em relação ás paredes.

Chove na Biblioteca, no Gabinete de Audiovisuais, e nalgumas salas em consequência das telhas da cobertura estarem partidas e os algerozes entupidos.

A sala dos computadores não é utilizada porque o cheiro, que não se sabe do que é nem de onde vem, é nauseabundo. Não se consegue lá entrar quanto mais lá estar. Provavelmente está ali o sonho das novas tecnologias, da banda larga da Internet fechado numa sala, provavelmente é só um sonho fechado.

A visita decorreu por vários espaços cada um pior que o anterior, mas foi no pavilhão D que me perguntei que país é este que deixa chegar as coisas a esta situação? Este pavilhão é um espaço cinzento com pouca luz, triste, no piso inferior as portas estão remendadas consequência dos vários assaltos e vandalização que a escola sofreu, nas paredes ainda há restos de tinta que as cobriram, o chão dos corredores não se explica é um mosaico gasto que nalgumas zonas, como nas escadas de já ter sido tão pisado, deixa aparecer as varas de ferro que o compõem.

A papelaria é uma “barraca” pequena em madeira, com meia dúzia de cadernos e pouco mais, está situada num espaço a que chamam refeitório, este espaço, o refeitório, tem algumas mesas e cadeiras que me pareceram demasiado baixas para a idade daqueles alunos, a um canto está uma mesa de matraquilhos oferecida pela Associação de Pais, nada mais existe naquele espaço desprovido de qualquer elemento vivo e colorido. Não há pavilhão desportivo, há campos de jogos exteriores com balneários que já foram novos e adequados.

Trinta anos de sonhos, de projectos de esforço e de  luta e o resultado é uma escola que nos faz pensar “ o que é que os nossos governantes têm andado a fazer”? Onde está a Paixão pela Educação do governo de Guterres? Onde está a primeira preocupação do governo de Socrates? Onde estão as boas intenções de todos os governos que passaram e encheram a boca com a educação? Onde está o povo culto educado e com formação? Quem acabou com os nossos sonhos?

Esta visita organizada pela Associação de Pais com a colaboração do Conselho Executivo, foi um grito desesperado de quem já tudo tentou. Os Vereadores da CDU , o Vereador do PSD, a Comissão de Educação da Assembleia Municipal de Odivelas, a representante do presidente da Junta de Freguesia da Pontinha, os representantes dos partidos Políticos PCP e PSD e alguns jornalistas constataram que das palavras aos actos a distancia às vezes é infinita.

Madalena Garcia

Uma visita oportuna a uma escola que o Governo esqueceu
Escola EB. 2.3 Gonçalves Crespo – Pontinha

É com uma forma  prosaica e romântica muito embora com muita tristeza, que a Vereadora Madalena Garcia faz o relato do que viu na Escola EB 2,3 da Pontinha (Gonçalves Crespo) em resultado do convite que nos foi feito pela Associação de Pais desta Escola. Eu que também estive presente nesta visita resumiria o relato dizendo: – escola caótica, abandonada pelos governos destas ultimas duas dezenas e meia de anos. Uma vergonha, uma clara discriminação e injustiça feita aos alunos, professores e pessoal auxiliar desta escola.

Acabem com os ataques aos professores; Acabem com a classificação menos positiva dos alunos; Valorizem os trabalhadores Auxiliares de educação; Esta escola atesta a ideia de que nas escolas o que há de mais importante são os alunos, os trabalhadores auxiliares de educação e os professores.

A senhora ministra da Educação fica deste modo desafiada a passar uma semana nesta escola, desempenhando nela as suas funções para depois poder apresentar-se ao Povo Português com um discurso realista e capaz de assumir a sua responsabilidade, os seus erros e mandar de imediato corrigir tudo o que de muito maléfico existe nesta escola.

Basta de incompetência, incúria, injustiça, discriminação, abandono!
Esta escola escandaliza quem tem um mínimo  de respeito pela pessoa humana.

Ilídio Ferreira