Educação, programa de inglês e actividades extra curriculares – 28/06/2007

DECLARAÇÃO POLÍTICA DOS VEREADORES DA CDU

Ponto 2

Educação, programa de inglês e actividades extra curriculares

Os meus cumprimentos a todos os presentes.

Aproxima-se o final do ano lectivo. É altura de fazer o respectivo balanço e preparar o novo ano, a começar em Setembro próximo.

Neste âmbito, uma vez mais esta Assembleia é chamada a pronunciar-se sobre as Actividades de Enriquecimento curricular no 1º ciclo.

Com efeito, há que fazer o balanço deste 1º ano de aplicação desta “novidade” que a senhora Ministra da Educação em Junho de 2006 se lembrou de dar ao país. Deste balanço, deveria sair uma reflexão crítica sobre este modelo de escola a tempo inteiro do “faz de conta”.

Este Ministério da Educação vai ficar na história da educação em Portugal, pelas piores razões. Criou uma educação, não a duas mas a várias velocidades.

Ao longo do país a aprendizagem das nossas crianças ficam dependentes de factores vários para aprenderem inglês, música, expressão motora e expressão dramática.

Este Ministério da Educação ao retirar estas disciplinas do currículo, conseguiu a proeza de “atirar” com a formação das nossas crianças para as contingências de haver parcerias, de haver mais ou menos empenho das Câmaras Municipais, de haver mais ou menos empresas privadas que queiram ganhar uns trocos, com a educação das nossas crianças.

Com a publicidade enganosa da escola a tempo inteiro, este Ministério da Educação desresponsabilizou-se naquilo que deveria ter como sua prioridade: facultar a formação integral dos futuros cidadãos e dos futuros profissionais do nosso país.

Antes a diferença da formação dos portugueses decorria da diferença do berço onde nasciam. Agora, a essa juntam-se outras: o município onde se nasce, a escola onde se tem a sorte ou o azar de se estar matriculado, a existência ou não de associação de pais na escola, etc. etc. e acima de tudo qual o regime de horário que a escola pode ter.

Este quadro nacional, está todo representado no nosso concelho.

A desigualdade no acesso à formação das nossas crianças é reconhecida pela própria Câmara quando eufumisticamente se refere a “constrangimentos” na aplicação das Actividades de Enriquecimento Curricular em vez de falar na sua incapacidade nessa aplicação.

Das 5.378 crianças do 1º ciclo, apenas 3.295 tiveram acesso a estas actividades. Isto quer dizer que 40 % das nossas crianças são munícipes de segunda categoria: não falarão inglês, não saberão música, não desenvolvem expressão motora ou dramática. São quase metade das nossas crianças.

Como é que pode a Câmara fazer o seu auto-elogio neste balanço bem sabendo que enquanto houverem escolas em regime duplo esses alunos nunca poderão ter a tão proclamada escola a tempo inteiro.

Uma última palavra para as condições em que os profissionais que ministram estas actividades trabalham. Há nisto tudo um erro base que este Ministério da Educação e os Municípios que lhe obedecem cegamente, como o caso deste, deveriam explicar aos portugueses.

Com que direito, com que moralidade se exige destes profissionais, destes professores “expulsos” do sistema de ensino, uma formação de qualidade se o que é proposto para lhes ser pago é 10,00 € por hora, exigindo-lhes que, em muitos casos, andem de escola em escola a fazer uma horitas.

Hoje qualquer trabalho indiferenciado recebe esse valor. É mais uma maneira que este Ministério da Educação arranjou para humilhar os profissionais da educação.

A educação deveria ser uma prioridade séria para quem toma decisões políticas. Infelizmente com políticas assim, onde se promove a desigualdade da formação dos portugueses brinca-se com a vida das pessoas. A política assim deixa de ser uma coisa séria

Tenho dito

Odivelas, 28 de Junho de 2007.

Lúcia Lemos, Deputada Municipal da CDU