Tomamos conhecimento da construção de uma Central de Betão no Vale da Paiã. Central de Betão que ía ser construída em terrenos do Governo Civil de Lisboa, entidade que se supõe tenha recebido contrapartidas para o efeito.
Há, no entanto, sempre alguém atento e aquilo que avançava silenciosamente e rapidamente se implantava no terreno, sem qualquer tipo de licenciamento, mas seguramente com cumplicidades e omissões, acaba por ter que ser travado. A Câmara de Odivelas acaba por ter que cumprir com o papel que lhe é destinado e só tem como solução embargar a obra.
Sabe-se que os terrenos em causa encontram-se no PDM em vigor, afectos a loteamentos industriais. Mas, face às expectativas criadas quer pelo PS, quer pelos estudos prévios do PDM de Odivelas que apontam para a captação para o Concelho de industrias de alto valor acrescentado e tecnologicamente “limpas”, pergunta-se onde se enquadra uma Central de betão nesta estratégia?
Igualmente se pergunta que contrapartidas recebeu ou iria receber, directa ou indirectamente, a Câmara Municipal de Odivelas pela construção desta Central de Betão no Concelho?
Parece-nos que todos saberão que uma Central de Betão esta desenvolve uma actividade que vai degradar a qualidade de vida existente no meio em que está a ser instalada –poluição atmosférica e infiltração de solos, e vai criar constrangimentos insanáveis nas acessibilidades a Lisboa e Odivelas dificultando ainda mais a mobilidade dos nossos munícipes. O trânsito no Senhor Roubado e na Calçada da Carriche vai ficar ainda mais estrangulado.
Pretendemos ainda saber onde está o estudo de impacto ambiental que a lei impõe para este tipo de equipamentos?
Que estudos existem relativamente às movimentações de trânsito de pesados, circuitos de deslocação, fluxos e horários e q8ue obviamente visam acautelar as consequências para os munícipes, nas acessibilidades Odivelas/Lisboa/Odivelas?
Porque razão se aceita que para uma obra a realizar em Lisboa –conclusão do Eixo Norte-Sul- e numa zona onde existem terrenos disponíveis, acabe por ser em Odivelas, no Vale da Paiã, a vários quilómetros do local de obra que se pretende colocar tal equipamento? Será que temos que felicitar o Sr. Presidente da Câmara de Lisboa por saber tão bem acautelar os interesses ambientais do seu concelho?
São necessárias respostas e transparência nos processos caso contrário o concelho da modernidade, não passa de um slogan! É necessário mais do que discursos bem estruturados e fotografias bonitas. Pois mais do que criar expectativas e factos politicos é necessário modernizar o Concelho, desenvolverem-se actividades que favoreçam a criação de postos de trabalho, melhorar a qualidade de vida e eliminar as dificuldades e constrangimentos existentes.
O Vale da Paiã precisa de um outro olhar!
Odivelas, 23 de Fevereiro de 2006
João Figueiredo, Deputado Municipal da CDU