Acontecimentos actuais – 27/09/2007

DECLARAÇÃO POLÍTICA DOS VEREADORES DA CDU

Sempre atentos ao órgãos de comunicação social ditos de referência, e não podendo ficar alheios aos grandes acontecimentos que se vão passando neste país, registamos os mais importantes verificados nos dias que correm: – O despedimento de Mourinho, o castigo de Scolari e as “directas” no PSD.

Como o tempo de que dispomos não é muito, deixemos para os especialistas do pontapé na bola o escalpelizar das duas primeiras preocupações nacionais, e detenhamo-nos na terceira.

Há quem estranhe que um assunto que deveria ser meramente interno, se tenha transformado naquilo que se vê. Um problema pátrio, com todo um povo a ter que gramar até à exaustão as tricas e os mexericos internos de um partido que dá, desta forma, um belo exemplo de competência para governar este país que é nosso, de todos os portugueses, e não dos militantes (com ou sem quotas em dia…) do referido partido.

Mas também não estamos de acordo com aqueles que se insurgem contra a forma como está a decorrer a luta interna no PSD. Dizem então alguns ingénuos: – Em vez de (os dois candidatos a líderes) aproveitarem a ocasião para, fazendo algum trabalho de casa, apresentarem propostas inovadoras para o país, desgastam-se (e desgastam-nos) com questões de lana-caprina que só têm a ver com a maior ou menor decência do seu funcionamento interno.

Permitimo-nos discordar. Então haverá alguém com um mínimo de inteligência que, podendo comprar tudo já feito, e quase de borla, se dê ao trabalho de o fazer?

Deste modo, consideramos que os dois candidatos a líder do PSD podem ser acusados de tudo, menos de burros.

Vejamos:

– O PS, partido a que o PSD deveria fazer oposição se pudesse, está a promover a “flexigurança” que, segundo as ciências da comunicação, é uma palavra-armadilha que procura ocultar o verdadeiro objectivo (a liberalização dos despedimentos individuais). É também denominada pelas ciências da comunicação “palavra-virtude” porque procura associar, de uma forma enganosa, a palavra positiva “segurança” àquele objectivo (liberalização dos despedimentos), que é exactamente o seu contrário.

– O PS, partido a que o PSD deveria fazer oposição se pudesse, promoveu uma gigantesca e articulada campanha de manipulação da opinião pública visando convencer os portugueses de que a crise que o país enfrenta se deve à “rigidez” das remunerações nominais e das leis laborais em Portugal. O Banco de Portugal, pela mão do prestimoso e muito bem pago Dr. Vítor Constâncio, no seu Relatório de 2006, e o Expresso na sua edição de 4.8.2007, culpabilizam a “rigidez das remunerações nominais” pela crise actual. Se juntarmos a isto a “redutibilidade das retribuições”, ou seja, a diminuição das remunerações nominais defendida pela chamada Comissão do Livro Banco das Relações Laborais, assim como as declarações do governo pela voz do ministro Vieira da Silva, de que é preciso adaptar a legislação do trabalho para criar condições ao aumento da competitividade das empresas, o quadro fica claro e completo. Apesar das remunerações reais dos trabalhadores terem diminuído de uma forma constante nos últimos anos, para todos estes “senhores” essa baixa não é suficiente. Pretendem agora que diminuam as próprias remunerações nominais, ou seja, os salários em euros, e que as leis laborais sejam alteradas.

– O PS, partido a que o PSD deveria fazer oposição se pudesse, empenha-se desbragadamente na destruição do Serviço Nacional de Saúde, com o encerramento de hospitais, de maternidades, de serviços de atendimento permanente, ao mesmo tempo que aumenta as chamadas taxas moderadoras, diminui as comparticipações do Estado nos medicamentos e degrada os valores das pensões e reformas.

– O PS, partido a que o PSD deveria fazer oposição se pudesse, aceita e aplaude as imposições do Banco Central Europeu de aumento, incomportável para a maioria dos portugueses, das taxas de juro, designada e principalmente no crédito para habitação.

– O PS, partido a que o PSD deveria fazer oposição se tivesse a quê, engole a afronta feita ao povo português pelo inenarrável presidente Bush, quando este agradeceu ao primeiro-ministro português o apoio do povo Luso à criminosa “intervenção” no Iraque, sem que este tivesse um simples assomo de dignidade rejeitando tal calúnia.

Por tudo isto e tudo o mais que não há tempo para expor, o que poderá qualquer candidato a líder no PSD propor ao país em defesa das suas ideias políticas que não esteja, pelas mãos do PS, já feito ou em andamento?

Restar-lhes-á, naturalmente, aproveitar o seu tempo para debater a limpeza das suas roupas íntimas. O que poderiam era, naturalmente, poupar-nos a tal espectáculo.

Entretanto, os trabalhadores e outras camadas da população continuam a sua luta em defesa dos direitos alcançados após o 25 de Abri de 1974, data que todos ainda comemoram, (alguns com imenso fastio, valha a verdade…) mas nem todos sentem.

E é por isso que, no próximo dia 18 de Outubro, no Parque das Nações, a voz do protesto contra esta política enfeudada aos grandes interesses económicos, nacionais e internacionais, se fará de novo ouvir, em defesa da dignidade de um povo que jamais se renderá.

Nós estaremos lá, naturalmente. É aquela a nossa gente, é aquela a nossa luta.

Odivelas, 27 de Setembro de 2007.

Adventino Amaro, Deputado Municipal da CDU