A Assembleia Municipal de Odivelas assinalou o 32º Aniversário do 25 de Abril realizando uma Sessão Extraordinária Comemorativa, no dia 24 Abril.
Nesta Sessão houve intervenções da Presidente da Câmara Municipal de Odivelas, dos Representantes dos Partidos com assento na Assembleia Municipal, do Presidente da Assembleia Municipal de Odivelas.
A Sessão terminou com uma actuação musical de Durval Moreirinhas, Carlos Carranca e João Alvarez.
Sessão Extraordinária Comemorativa do 25 de Abril da Assembleia Municipal de Odivelas
Exmas. Senhoras e Senhores Deputados Municipais
Exma. Sr.ª Presidente da Câmara e Sras. e Srs. Vereadores
Exmas. Senhoras e Senhores Convidados
Comunicação Social presente
Funcionários da autarquia em serviço neste evento
Minhas Senhoras e meus senhores
Comemoramos hoje o 32º Aniversário da Revolução de Abril. Revolução que constitui um dos mais importantes e belos acontecimentos da história de Portugal e que teve importantes repercussões internacionais por, entre outros factores, ter posto fim, ao último dos grandes impérios coloniais.
A natureza da ditadura fascista, o facto de Portugal ser simultaneamente um país colonialista e um país dominado pelo imperialismo – tornaram inseparáveis o objectivo do derrubamento da ditadura fascista e da instauração da democracia política e os objectivos da transformação revolucionária das estruturas económicas, sociais e culturais e da defesa da soberania e independência nacionais.
O levantamento militar de 25 de Abril teve correspondência com a vontade do povo e ao constituir-se como uma afirmação de liberdade, de emancipação social e de independência nacional, materializou-se numa revolução onde ocorreram profundas transformações políticas, económicas, sociais e culturais que constituíram componentes de um sistema e de um regime que abriram a Portugal a perspectiva de um novo período da história marcado pela liberdade e pelo progresso social.
E nesse tempo novo da Revolução de Abril, fazia-se o respeito pelos direitos e interesses da maioria que é o Povo, e iniciava-se a construção colectiva de uma Democracia avançada.
Tempo distante esse, muito distante do tempo de hoje em que, por efeito de décadas de política de direita, Portugal ocupa na Europa, a última fila em tudo o que é positivo e a primeira em tudo o que é negativo.
E, entre esse tempo e o tempo presente, decorreram mais de 30 anos de alternância governativa entre PS e PSD, ambos com responsabilidades directas na reconstituição do velho poder do grande capital contra o qual Abril se consumou.
No presente, e igual a todos os outros enquanto fiel executante da política de ajuste de contas com Abril, este Governo é, talvez, o que mais longe vai em matéria de submissão aos interesses do grande capital.
Rompendo com as promessas que lhe permitiram ganhar os votos que lhe deram a vitória, lançou-se na aplicação da velha política de direita dando-lhe, até, uma nova dinâmica, acentuando-a e aprofundando-a e, por isso mesmo, agravando ainda mais a situação de quem trabalha e melhorando ainda mais a situação de quem vive à custa de quem trabalha.
E, assim, em nome da modernidade, recorre-se ao botox e ao marketing para disfarçar velhas políticas de sustentação do capitalismo e:
- atacam-se os direitos dos trabalhadores;
- promove-se uma ofensiva contra os serviços públicos e o sistema público de Segurança Social;
- desregula-se a contratação colectiva e não se assegura o direito ao emprego e ao subsídio de desemprego;
- adopta-se uma atitude de obediência total, servil e provinciana de submissão à União Europeia e à política belicista dos Estados Unidos da América.
Desenvolve-se uma política que faz da propaganda o seu principal instrumento de actuação e em que a mistificação, a hipocrisia e a arrogância são componentes essenciais da sua prática.
E, na verdade, nesta ofensiva contra o regime, diariamente lhe é roubado conteúdo democrático – diariamente se retira democracia à democracia.
E se alguns pensam que parece não haver problemas com a democracia, nós afirmamos que há problemas na democracia. Urge resolvê-los fazendo uso de um precioso instrumento que ela consagra: a Liberdade.
- Liberdade para discutir o que perturba e que alguns prefeririam que ficasse oculto;
- Liberdade para dizer que o rei está nu e procurar compreender porquê;
- Liberdade para saber quais as nossas urgências e prioridades e se o que discutimos é o que precisamos discutir ou apenas o que outros nos impuseram.
- Liberdade para compreender porque é que o sistema capitalista, apresentado quase como sinónimo de igualdade gera, na prática, a mais alta desigualdade planetária;
Afirmamos que a Democracia não pode ser só um método para eleger quem governa. A Democracia tem de ser uma forma de construir, garantir e expandir a Liberdade, a Justiça e o Progresso.
Uma Democracia com governos, ou com políticos, que desvirtuem as opções dos cidadãos, que transformem o mandato eleitoral numa expressão de desejos sem consequências, e uma sociedade sem participação activa leva, mais cedo ou mais tarde, a uma perigosa autonomia do poder, que deixa de expressar as necessidades dos cidadãos.
- É necessário reflectir, promover e renovar o debate político porque a nossa democracia perde, em cada dia, vitalidade e conteúdo.
- É necessário retomar o impulso inicial pois a democracia eleitoral não basta.
- É necessário passar à democracia de cidadania. Cidadania política e social, tendo presente que têm que ser encontradas respostas ao enorme aumento da pobreza e da desigualdade. A economia tem de ser posta ao serviço dos cidadãos e da sociedade.
- É necessário ter presente, e nós temos, que o capitalismo não só não é o fim da história, como, encontrando-se na sua plenitude histórica, encontra-se, por isso mesmo, numa situação em que o seu desenvolvimento pode precipitar o seu próprio colapso. As tensões são cada vez maiores e mais insanáveis. As contradições presentes desde o começo do sistema capitalista e que são basicamente o dilema da acumulação, o dilema da legitimação política e o dilema da agenda geo-cultural, aproximam-se de um ponto em que não será mais possível conter a contradição, inviabilizando-se o equilíbrio temporário e os ajustamentos que têm permitido a sobrevivência do sistema.
Podemos andar às voltas, podemos até andar em ziguezague mas o século XXI será um século no qual os povos encontrarão novos caminhos de Liberdade, de Justiça, de Desenvolvimento Humano.
E, neste sentido, urge afirmar e manter vivos os valores e direitos da Revolução de Abril. Revolução que mostrou que os portugueses, os trabalhadores, o Povo de Portugal contem em si a força e as potencialidades necessárias para empreender tarefas grandiosas e edificar um Portugal desenvolvido, moderno, um Portugal do século XXI.
Abril continua vivo como projecto de futuro!
M.ª de Fátima Amaral, Deputada Municipal da CDU
24 de Abril de 2006