Faleceu no dia 07 de março, com 89 anos de idade, Joaquim Augusto dos Santos (Mocinho), homem combativo, antifascista e leal aos seus ideais.
Nasceu a 17 de novembro de 1933 na freguesia do Couço, concelho de Coruche.
Criado num ambiente de extrema exploração numa terra que ainda hoje é reconhecida como grande baluarte na luta contra a ditadura, onde predominava o grande latifúndio, desde cedo foi chamado à luta em defesa dos mais elementares direitos dos trabalhadores rurais, espezinhados sem contemplações pelos grandes proprietários protegidos pelo fascismo então reinante.
Aderiu ao PCP na sua juventude.
Na farsa eleitoral encenada para a Presidência da República em 1958, participou na campanha eleitoral do General Humberto Delgado. E, na freguesia do Couço, por pressão popular, as mesas de voto foram fiscalizadas pela população, o que só por si explica que os resultados oficiais tenham sido amplamente favoráveis ao candidato da oposição.
Na sequência da citada fraude eleitoral, que culminou na mentirosa vitória do candidato fascista a nível nacional, o povo do Couço promoveu, sob a direção do Partido Comunista Português, uma greve geral abrangendo toda a zona em redor da freguesia.
Em consequência desta luta, foram presos pela PIDE muitos trabalhadores, entre os quais se encontrava o “Mocinho”, que cumpriu, nessa primeira experiência, seis meses de prisão no Forte de Caxias.
Em 1959, a casa onde residia foi assaltada pela PIDE, o que o levou decisivamente a passar à clandestinidade como militante do PCP.
Voltou a ser preso em 31 de janeiro de 1965. Depois de espancado e torturado, foi julgado no tribunal Plenário, tendo sido condenado a três anos de prisão, acrescidos de “medidas de segurança” aplicáveis de três em três anos, o que poderia corresponder, naquela ditadura fascista, a prisão perpétua. Esta pena foi cumprida no forte de Peniche.
Durante os anos que permaneceu preso, continuou, com os seus outros camaradas de clausura, na luta pela liberdade e democracia, adaptada às circunstâncias em que se encontravam.
Fruto da demagógica “liberalização” do regime encetada por Marcelo Caetano em 1969, foi libertado em 4 de maio de 1970.
A partir daqui, foi obrigado a apresentar-se mensalmente ou na sede da PIDE ou no Posto da GNR, em Odivelas.
Apesar desta forte e perigosa condicionante, não deixou de participar com a sua presença nas lutas que se desenvolviam, designadamente nas ações de campanha eleitoral desenvolvidas pela CDE em 1973.
Foi funcionário da Junta de Freguesia de Odivelas, com responsabilidades nas áreas das oficinas, jardins e escolas.
Exerceu o cargo de Presidente da Mesa da Assembleia Geral do CURPIO, durante três mandatos e foi membro do seu Conselho Fiscal.
Entre 2004 e 2012, foi Presidente da Federação da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos do distrito de Lisboa e, a partir daqui até 2016, Presidente da sua Assembleia Geral.
Foi membro da Comissão Concelhia de Odivelas do PCP e da Comissão de Freguesia de Odivelas. Era membro da URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses.
Em 2019, recebeu da Câmara Municipal de Odivelas a Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro.
A sua energia, combatividade e lealdade para com as suas gentes ficam, para todos que com ele privaram, como exemplo que não pode ser esquecido.
A Comissão Concelhia de Odivelas do PCP endereça à família, amigos e camaradas as mais sentidas condolências.
O corpo de Joaquim Santos (Mocinho) estará em câmara ardente hoje, dia 8 de Março, a partir do final da tarde, na Casa Mortuária de Odivelas, realizando-se amanhã, dia 9 de Março, a cremação no Complexo Funerário De Casal De Cambra, pelas 17 horas.
8 de Março de 2023