Apresentação Penha de França

Penha de França. É possível um mundo melhor construindo uma freguesia melhor

 
Apresentação Penha de FrançaIdália Tiago, 52 anos, programadora cultural, é a cabeça de lista da CDU à Freguesia da Penha de França. “O nosso compromisso está com a cidade que queremos e um país que queremos mais justo. A forma desinteressada e apaixonada com que nos envolvemos na luta política resulta da certeza que temos que é possível construir um mundo melhor construindo uma Freguesia melhor”, disse.
 
Muitos militantes, apoiantes e simpatizantes da

CDU, cidadãos da Freguesia da Penha de França, juntaram-se num fim de tarde de sábado muito quente mas muito participado, na Praça Paiva Couceiro no coração da Penha de França, para ouvir a prestação de contas dos eleitos da CDU, bem como as propostas da lista para as eleições autárquicas de Setembro.
 
Idália Tiago contou como a Penha de França lhe está, há muitos anos, “colada à pele”: as suas avós vieram, em meados do século XX, uma de Moura e outra de Viseu, com os filhos, viver para Lisboa à procura de uma vida melhor. Os seus pais conheceram-se também aqui, depois do regresso da guerra colonial. Uma história igual à de tantos habitantes da Penha de França, portugueses e estrangeiros, que aqui viveram e vivem, muitas vezes em situações precárias. “Anos depois, regressei à freguesia, arrendei casa com contratos anuais, com rendas escandalosas, e vi a debandada forçada das pessoas que aqui nasceram, que sempre aqui viveram, e que aqui tinham escolhido viver. José Saramago viveu na freguesia nos anos 20, em partes de casa arrendadas. Os meus pais viveram aqui nos anos 60 em quartos alugados. E tenho amigos que hoje, em 2021, têm como única alternativa a partilha de casas”, explicou Idália Tiago.
 
A candidata traçou o retrato da Penha de França em 2021, apontando a precariedade na habitação, no acesso ao ensino, ao desporto e ao lazer como o legado do mandato do Partido Socialista na freguesia, nos últimos quatro anos: “Chegam à freguesia pessoas em busca de melhores condições de vida e a quem se apresentam as mesmas soluções desses anos 20”, disse a candidata. Em 2021, há pessoas na freguesia a viver em espaços “sem as mínimas condições, a que aprenderam a chamar casa porque não têm alternativa”, empurradas para bairros municipais há décadas, “que serviram para as afastar de olhos mais sensíveis de alguns, e para aliviar as consciências de outros, que continuam a apresentar problemas gravíssimos de higiene urbana, salubridade, acessibilidades, condições dignas de vida”. Há pessoas que “não tem o que comer; há crianças sem meios para estudar; há idosos confinados a um isolamento desumano”, explicou.
 
“Mesmo sendo muitas vezes os únicos”, os três eleitos da CDU estiveram sempre presentes na freguesia e fizeram quase tanto como todos os outros juntos: “Apresentámos 42 requerimentos com propostas, perguntas, reclamações; os outros, todos juntos, apresentaram 46.” É este o compromisso das candidaturas da CDU, projecto de serviço público que junta militantes do PCP, do PEV e independentes, com propostas para “continuar o caminho alicerçado no trabalho, na honestidade, seriedade e competência”.
 
A CDU esteve lado a lado com a população da Penha de França e as suas lutas: com os utilizadores da piscina da Penha de França, encerrada desde 2011. Com os utentes do Metro de Arroios, encerrado desde 2017. Com os trabalhadores da Junta, “aquando da onda arbitrária de despedimentos”, quando o executivo PS substituiu “trabalhadores fundamentais por contratos externos de prestação de serviços, alimentando vínculos precários”. Com os moradores do Bairro Horizonte, “pela construção de um parque infantil, aprovado em 2018 e que ainda está por construir”. Lado a lado ainda, “com os alunos da Escola Prof. Oliveira Marques pelas obras no espaço de recreio, prometidas duas vezes pelo vereador do Bloco de Esquerda da CML”; com os moradores da Quinta do Lavrado, do Alto da Eira, e da antiga freguesia de São João, “por um tratamento igual e digno”; com os utilizadores do Espaço Multiusos, “impedidos de qualquer actividade física, socio-cultural ou de formação”. Por mais estacionamento, áreas de lazer e espaços verdes e com aqueles moradores para quem “defender o ambiente é também alargar os pontos de resíduos, como cortiças, pilhas, óleos, cuidar das árvores, limpar as ruas, garantir o bem-estar dos animais”, explicou Idália Tiago.
 
Acusando o executivo do PS na freguesia de “sobranceria” na forma como se relaciona com a população, os últimos anos foram “marcados pelo abandono, afastando as pessoas das decisões, das reuniões da Assembleia, remetendo-os para meros espectadores e beneficiários dos presentes: ora amêndoas, ora rebuçados”.
 
É por isso, disse João Ferreira, candidato da CDU à Câmara Municipal de Lisboa, que a candidatura destes homens e mulheres, reformados, estudantes e trabalhadores, à Freguesia da Penha de França, representa um “conhecimento ímpar”: “Ninguém conhece a freguesia tão bem como as pessoas que compõem esta lista. Foi este conhecimento, e o trabalho ao longo destes anos, que nos permitiu estar em cada uma das lutas que se travaram junto à população. É a partir disto que nasce a vontade de construir a Freguesia melhor, na cidade que queremos construir, que é muito diferente da cidade que ainda temos.”
 
Na sua intervenção final, João Ferreira apresentou o diagnóstico dos últimos quatro anos, em que o executivo do PS foi apoiado pelo Bloco de Esquerda numa série de decisões que afectaram negativamente o lazer, a cultura, o ambiente, a mobilidade e a habitação em Lisboa. João Ferreira disse que a cidade que queremos tem de ser feita ouvindo todas as pessoas e com a sua participação efectiva. Essa cidade melhor e essa freguesia “resultam da participação a sério de toda população, dizendo o que se quer que a cidade seja a cada momento”. E explicou que “não é participando em encenações de faz-de-conta, como o Orçamento Participativo, que exclui 70% das propostas que a população apresenta”.
 
O candidato da CDU lembrou como nos últimos 20 anos, desde que a CDU deixou de estar no governo da cidade, Lisboa “foi sendo aquilo que o especulador e o mercado imobiliário queriam que fosse”. A população da cidade não teve “uma palavra a dizer sobre aquilo que devia ser, a cada sítio ou momento, a cidade, e o que corresponderia à sua vontade, necessidades, às suas aspirações e anseios”, diz. A cidade que a CDU quer construir “não deixa nas mãos do mercado ou do especulador imobiliário o seu desenvolvimento”.