Jerónimo de Sousa, na abertura da Festa do «Avante!», saudou os
militantes do PCP e da JCP, os amigos do Partido e da Festa, o apoio
das instituições que projectaram e ajudaram a construir esta cidade
onde pulsará a realização política, cultural, humana, solidária e
internacionalista, sublinhando que a «generosidade e empenhamento, onde
cada um age por vontade própria e trabalhando organizadamente, são
expressão e elemento constitutivo do que o camarada Álvaro afirmou
sobre o grande colectivo partidário. Generosidade e empenhamento que
reflectem o ideal comunista, as suas causas e valores, esta forma
diferente de estar na política e o entendimento do exercício da
democracia participativa».
Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
Abertura da 31ª Festa do «Avante!»
Abertas as portas da 31ª Festa do Avante podíamos parafrasear o cantor:
«seja bem vindo, quem vier por bem», sejam bem vindos os que pela
primeira vez querem conhecer a nossa festa. E fazer a saudação sempre
repetida e renovada aos militantes do Partido e da JCP, aos amigos do
Partido e da Festa do Avante, à disponibilidade e apoio de
instituições, que projectaram, ajudaram e construíram esta cidade onde
pulsará a realização política, cultural, humana, solidária e
internacionalista.
Muitas delegações internacionais de partidos e forças de esquerda e
progressistas que nos honram com a sua presença, perguntam-nos como
fazemos, como mobilizamos tanta vontade humana e militante. Não é fácil
responder!
Mas essa generosidade e empenhamento, onde cada um age por vontade
própria e trabalhando organizadamente, são expressão e elemento
constitutivo do que o camarada Álvaro afirmou sobre o grande colectivo
partidário. Generosidade e empenhamento que reflectem o ideal
comunista, as suas causas e valores, esta forma diferente de estar na
política e o entendimento do exercício da democracia participativa.
Como todas as grandes realizações humanas e não tanto por causa da
Festa mas por causa do Partido que temos e do Partido que somos, há
sempre quem não suporte o seu êxito, conteúdo e dimensão. Lendo, vendo
e ouvindo alguns (poucos, diga-se) que tendo o ódio, a intolerância e o
preconceito anticomunista como referência e prestação de serviços,
queremos dizer-lhes: na nossa Festa não têm espaço, porque nela não
cabem o ódio e intolerância. Inventem outra para o ano que vem!
Nesta trigésima primeira edição da Festa não vamos só fruir e conviver!
Procuraremos analisar em que mundo estamos e vivemos. Não esquecendo
nunca a nossa dimensão solidária e internacionalista, falaremos do
nosso país, dos problemas e anseios dos trabalhadores e do povo
português.
Celebraremos os noventa anos da Revolução de Outubro, acontecimento
marcante na história do movimento operário e na história da humanidade.
Celebração que é tanto mais actual quando o capitalismo,
aproveitando a correlação de forças a seu favor, procede à recuperação
de parcelas de domínio perdido e revela de forma brutal o seu carácter
predador e insaciável, tentando impor aos trabalhadores e aos povos a
sua lei e a exploração desenfreada.
Faremos da nossa Festa um momento forte de lançamento da campanha
nacional sob o lema “Basta de injustiças, mudar de política para uma
vida melhor”.
Temos de dar resposta ao grave projecto e inaceitável intenção do
Governo PS em abalar o edifício jurídico-laboral e constitucional
naquilo que é mais sentido e foi mais duramente conquistado pelos
trabalhadores portugueses antes e depois de Abril.
Dar combate sem tréguas a essa mistificação denominada de
“flexigurança” onde procuram simplificar os despedimentos sem justa
causa, desfigurar o direito ao horário de trabalho visando o aumento da
exploração e o embaratecimento da mão-de-obra.
Travar os desígnios do Governo em relação ao código do trabalho que
quer fazer o que seria impensável: alterar para pior as malfeitorias do
Código do Bagão Félix do PSD/CDS-PP.
Trazer à ordem do dia as injustiças sociais que o Governo de Sócrates
tem vindo a agravar ao ponto de a nível europeu hoje Portugal ter o
humilhante título de campeão das injustiças sociais. Denunciar o
aumento do desemprego e da precariedade com todas as inseguranças e
dificuldades para a vida de mais de milhão e meio de trabalhadores.
Prosseguir o nosso combate e manter o nosso grau de intervenção em
defesa do direito à saúde e à educação e contra a destruição dos
serviços públicos e funções do Estado.
Não nos substituiremos aos trabalhadores, à sua organização e à sua luta.
Mas como Partido Comunista tudo faremos para esclarecer e mobilizar os
trabalhadores, para convergir e ser solidário com a sua luta já que
estamos perante não só uma questão laboral e social mas também perante
uma questão do regime democrático na sua vertente social.
Questão do regime democrático que é inseparável da democracia económica
e da democracia política. Democracia económica também posta em causa
por este Governo com o processo de privatizações em curso ou em fase de
concretização, com a subestimação e secundarização da importância e com
medidas punitivas para as micro, pequenas e médias empresas, para o
sector das pescas e da agricultura, acompanhadas do privilégio e
sacralização dos grandes interesses financeiros e especulativos que se
sentem tão à vontade, tão confiantes nas opções políticas e económicas
do Governo, que surgem já à luz do dia a exigir arrogantemente que se
rasgue a Constituição da República, que o poder político se subordine
ao poder económico.
Afirmaremos o valor e a actualidade do projecto de democracia
económica que a Constituição consagra. Num quadro dum Partido de
projecto, de luta e de proposta vamos realizar em Novembro uma
Conferência Nacional sobre Questões Económicas e Sociais, com elementos
de caracterização e análise, mas simultaneamente com conteúdo de
proposta na demonstração que é possível outra política económica, um
outro rumo capaz de responder a um problema central do país e da
economia, a necessidade do crescimento e desenvolvimento económico e
social, da defesa e modernização do aparelho produtivo e da produção
nacional inseparáveis do respeito pelos direitos e do bem-estar dos
trabalhadores e dos portugueses, condição essencial para um
desenvolvimento harmonioso e progressista. Uma Conferência que recuse o
fatalismo e as inevitabilidades que apelará à contribuição e a
libertação de energias criadoras.
A vida e os factos aí estão a confirmar que, atacada a democracia
económica e social, começa a “minagem” à democracia política e às
liberdades.
Os traços da deriva antidemocrática são por mau feitio e arrogância de
Sócrates? Qual quê! É antes a reacção consciente e autoritária do
Governo à resistência, ao protesto e à luta de quem defende justamente
os seus interesses, de quem exerce os seus direitos – no local de
trabalho, numa greve, numa manifestação, no exercício da liberdade
sindical. É a intolerância face aos que não calam nem se conformam no
desmascaramento e crítica de um Governo e de uma política que julgava
do alto da sua maioria absoluta, com os meios de propaganda e a
cumplicidade de poderosos meios de comunicação social, que a sua
ofensiva passaria “como cão por vinha vindimada”.
Por isso, na nossa Festa também estará presente a defesa da democracia e da liberdade.
Preocupados sem dúvida, mas confiantes!
Confiantes acima de tudo por saber que os trabalhadores e as suas
organizações não se conformam nem desanimam e aí estão a organizar a
luta.
provas que isto assim não pode ser, que basta de sacrifícios para os
mesmos do costume e de encher os bolsos e os cofres aos poderosos.
vaticínios do fim ou do definhamento, avançados pelos profetas da
desgraça, se reforça, alarga a sua influência, se afirma como força
necessária e indispensável aos trabalhadores, ao povo e à democracia,
como força política de futuro. Que bela prova provada temos. Tanto na
construção como na participação dos jovens na Festa do «Avante!».