NOS CTT, O NEO-LIBERALISMO AO PIOR NÍVEL
Com a liberalização total do sector postal à vista, em 2009, futuro da Empresa seriamente comprometido por (in)acção de uma Administração incompetente
Frequentes alterações da Estrutura Orgânica provocam a desorientação generalizada nos trabalhadores (dirigentes e não dirigentes), a todos os níveis da Empresa;
Qualidade de Serviço com os valores mais baixos de sempre;
Alienação das responsabilidades pela prestação do serviço público e universal;
Tentativa de limitar os direitos dos trabalhadores;
Precarização do emprego e redução de salários;
São as marcas mais evidentes da gestão levada a cabo pelo Conselho de Administração presidido por Luís Nazaré e dominado por um Administrador (Raul Mascarenhas), oriundo da Accenture (ex-Andersen consulting) que transformou a Empresa numa espécie de laboratório, onde vai testando modelos teóricos que aprendeu enquanto consultor..
Uma administração incompetente compromete seriamente o futuro da Empresa
Sejamos claros: a Administração dos CTT, presidida por Luís Nazaré, traz a encomenda do Governo de preparar a Empresa para a privatização. A questão é que nem para isso tem arte.
É, de longe, a administração mais desajeitada que os CTT tiveram após o 25 de Abril de 1974.
Composta por 5 elementos com conhecimento nulo do sector postal, tem sido dominada por um consultor oriundo da Accenture.
Mercê da demissão do Presidente – cuja principal ocupação é dar entrevistas a toda a hora à comunicação social, em poses de modelo, nas quais pinta um quadro edílico da situação na Empresa – este Administrador, no espaço de um ano, impôs já 3 alterações da estrutura orgânica da empresa, anunciando-se já uma nova para o inicio do próximo ano.
Com estas alterações frequentes, há dirigentes que nem tempo têm para aquecer o lugar.
O resultado tem sido a instabilidade e confusão permanentes, provocando uma enorme desorientação a todos os níveis da Empresa.
Qualidade de serviço com os níveis mais baixos de sempre
Fruto de políticas erradas, assentes fundamentalmente na redução abrupta de postos de trabalho, o indicador geral de qualidade de serviço tem-se situado à volta dos 50% (os valores convencionados com a ANACOM são de 100%, sendo necessário atingir, no mínimo 90%).
É o reflexo do péssimo serviço que tem sido prestado, sendo motivo para que os CTT apenas sejam referidos na comunicação social pelas piores razões.
Com estes valores, a Empresa será penalizada pelo entidade reguladora (ANACOM), sendo certo que, no próximo ano, ou não vai poder actualizar as tarifas, ou não as poderá actualizar de acordo com a taxa de inflação.
Retirada de direitos aos trabalhadores
Aposta na precarização do emprego e nos baixos salários
No início do ano, lançou um ataque sem precedentes aos direitos dos trabalhadores, tentando provocar a extinção do Acordo de Empresa. Obteve como resposta uma das maiores greves de sempre na empresa, tendo perdido em toda a linha e sido obrigada a meter a viola no saco e a aceitar a republicação do AE, com todas as implicações, em termos de prazos, que daí advêm.
Mas não lhe serviu de emenda.
Revelando que tem mau perder e não sabe conviver com a contestação e a luta organizada dos trabalhadores, não desistiu dos seus intentos.
A táctica agora é outra:
– precarização do emprego
– baixos salários
Confrontado com saldos diários de milhões de correspondências, em vez de preencher os postos de trabalho com trabalhadores com a formação adequada e instigado por um director oriundo de uma companhia de petróleos, onde caiu em desgraça, optou por recorrer aos serviços de uma empresa de trabalho temporário, por intermédio da sua associada CTT Expresso, para fazer a distribuição do correio.
Resultado: esta empresa recorreu à contratação de trabalhadores sem as condições mínimas para o exercício das funções de carteiro, alguns imigrantes ilegais, sem sequer saberem falar português.
Para além da má imagem que dá à empresa, é sabido que os trabalhadores, contratados nestas condições, são ainda mais explorados e sem o mínimo de direitos.
Passando por mais uma vergonha pública e, de novo, como resultado da luta dos trabalhadores, foi obrigado a anunciar um concurso para a admissão de carteiros para a distribuição.
Mas ainda não desitiu.
Agora, o visado é outro sector da Empresa: o Tratamento.
O negócio é seguinte:
Os CTT compram máquinas de leitura óptica e de divisão de correio; colocam-nas em instalações próprias – as primeiras serão instaladas em Pinheiro de Fora (Sacavém); põem os seus técnicos a preparar todo o software necessário para funcionarem; dão formação aos futuros operadores; finalmente, contratam (?) uma Empresa (MAILTEC) que, por sua vez, contrata outra (Equiprest) que, por sua vez, contrata trabalhadores temporários para trabalharem com as máquinas.
Em que condições?
Auferindo salários mais baixos, sem direitos e sem garantias de estabilidade no emprego.
Qual o resultado?
Criação forçada de excedentes nos Centros de Tratamento.
Quais o objectivos principais destas brilhantes medidas duma brilhante cabeça de um não menos brilhante administrador?
Minar a unidade e a força dos trabalhadores dos Centros de Tratamento;
Criar condições para, por via indirecta, privatizarem os CTT, já que mau grado o capital da MAILTEC ser 100% dos CTT e a Equiprest 100% da MAILTEC, nada impede o brilhante administrador de decidir alienar uma parte ou a totalidade desse capital.
O que é isto?
O Neoliberalismo ao seu pior nível!
São medidas irresponsáveis, que violam o contrato de concessão – por isso, ilegais – e põem em causa o direito dos cidadãos a um serviço de correios de qualidade e o dever de os CTT o prestarem.
Esta administração tem que ser parada!
Temos conhecimento da marcação de várias formas de luta, por iniciativa da esmagadora maioria dos Sindicatos – mais uma vez e apoiadas pela Comissão de Trabalhadores, para impedir a concretização deste verdadeiro atentado aos CTT, aos seus trabalhadores e aos direitos dos cidadãos.
Lá estaremos. Nós os comunistas, como sempre, lá estaremos na linha da frente apoiando e ajudando à mobilização e esclarecimento dos trabalhadores.
Está em perigo o futuro dos CTT.
É preciso fazer ver ao Governo que “o rei vai nu”!
Daqui lançamos um apelo veemente a todos os trabalhadores, independentemente das suas convicções políticas, sindicais ou religiosas, para que apoiem e participem activamente nas lutas que vão ter lugar.
Está nas mãos dos trabalhadores, defender a sua Empresa: CTT!
SCAE/ DORL do PCP