Passam em 2022 os centenários do nascimento dos arquitetos Costa Martins e Victor Palla.
Duas figuras a quem a cidade deve, entre outras obras, um dos seus mais notáveis registos: o livro “Lisboa, cidade triste e alegre”, que os autores referiram como um “poema gráfico”, hoje universalmente reconhecido como um dos grandes livros de fotografia do século XX. Obra singular mais ainda do que pioneira: efetivamente, nada de semelhante fora feito antes, nem voltou a ser feito depois. A celebração que faz da cidade é de uma inigualável
sensibilidade estética, e simultaneamente de identificação de elementos materiais e imateriais que constituem a raiz da sua identidade. A cidade fotografada é habitada, e a fotografia capta os seus habitantes em profundidade: a película fotográfica regista tanto imagens como sentimentos, afectos, solidariedades, formas de viver em comum. Regista a imensa riqueza da raiz popular da cidade.
Nenhuma cidade vive efetivamente se não tem o essencial do seu dia-a-dia assente nos seus moradores, e em particular das suas classes populares. Estas são hoje muito diferentes das que Costa Martins e Victor Palla fotografaram, mas requerem o mesmo respeito, afeto, sensibilidade e genuína admiração com que os dois autores as olharam. Merecem hoje ser de novo registadas por olhares semelhantes.
A proposta dos vereadores do PCP foi aprovada por unanimidade.