Na sua intervenção final, o candidato da CDU à Câmara de Lisboa, João Ferreira realçou as promessas que ficaram por cumprir pelo executivo do PS. “Aquilo de que a Helena aqui foi falando, o que sentem falta aqueles que aqui vivem, não é muito diferente do que muitos outros por essa cidade fora vão sentindo falta também”, disse.
A questão dos serviços públicos é essencial para a qualidade de vida na cidade. “Ao longo destes anos, não podemos dizer que as coisas tenham
melhorado em Lisboa. Em muitas coisas andámos para trás no que toca a prestação de serviços públicos fundamentais para a boa qualidade de vida na cidade”, diz João Ferreira, dando o exemplo da redução da oferta hospitalar.
“Não é exemplo único aqui em São Domingos um centro de saúde que é inaugurado antes de estar verdadeiramente pronto. Esta é a cidade que, ao mesmo tempo que viu reduzirem-se os cuidados ao nível do serviço hospitalares e primários do SNS, viu uma política de favor à instalação de mega unidades de saúde privadas, em que a Câmara garantiu essa política de favor aos promotores imobiliários, muitas vezes entregando terrenos seus para que se pudessem instalar hospitais privados. Assistimos ao encerramento de hospitais e à perda de valência de hospitais públicos. E a Câmara até já deu o seu acordo para que possam encerrar mais uns quantos, quando e se vier a ser construído um novo hospital Lisboa oriental”, explicou o candidato.
As competências que foram “atiradas para cima das Juntas” demonstraram que as Freguesias não têm tido capacidade de resposta. Na Educação, por exemplo, são muitas as escolas que vão “arrastando necessidades de intervenção que nunca acontecem ou que acontecem demasiado tarde, com infraestruturas com amianto ainda na sua constituição”, disse. Há escolas onde “faltam assistentes operacionais e esta é hoje uma responsabilidade da Câmara que quis assumir mas não soube responder às necessidades”. As Juntas “não tinham e não têm ainda hoje, tal como avisámos, os recursos e competências que a Câmara tinha para assegurar a prestação de muitos serviços e isso sentiu-se na degradação dos serviços e como eles são assegurados à população”.
Apesar de distante do centro da cidade, S. Domingos de Benfica também sofreu com a lei das rendas que expulsou famílias e afectou o comércio, com a especulação imobiliária e a “política do tudo ao turismo” na economia da cidade.
Estas foram ameaças às “dinâmicas de bairro que vivíamos em muitas freguesias, e esta freguesia ainda consegue conservar algumas delas”. Encerraram lojas de comércio tradicional “e inúmeras micro e pequenas empresas essenciais para garantir diversificação da economia da cidade, mas também garantir a teia de relações sociais de que é feita a vida na cidade”, conta João Ferreira. O candidato dá o exemplo do programa Lojas com História, “que serviu para proteger algum comércio tradicional, e isso foi importante, mas não conseguiu evitar que algumas dessas lojas passassem à história, porque foram muitas aquelas que encerraram, perdendo-se postos de trabalho, emprego e a dinâmica que fez durante muitos anos a vida destes bairros”.