A abertura do novo Hospital de Loures no passado dia 19 de Janeiro, que servirá a população do Concelho de Odivelas, e embora tendo ainda só em funcionamento apenas 3 valências, é naturalmente motivo de congratulação por parte dos eleitos da CDU nesta Câmara Municipal.
Esta é uma necessidade real, sentida há muitos e muitos anos, motivadora de repetidas e legitimas ações de reivindicação e luta por parte das populações de Odivelas e dos restantes Concelhos abrangidos, que muito contribuíram para a sua concretização, embora tardia, e que sempre contaram com o nosso reconhecimento e apoio.
Igualmente determinante foi também – é importante referi-lo – a colaboração empenhada da CDU, quando há mais de uma década e então à frente dos destinos da Câmara de Loures, disponibilizou gratuitamente os terrenos para a construção deste importante equipamento.
Após anos de promessas não cumpridas, várias “primeiras pedras” lançadas com pompa e circunstância, procedimentos concursais anulados e repetidos, finalmente cerca de 300.000 pessoas poderão, embora ainda de forma muito mitigada, contar com esta unidade hospitalar.
Lamentamos que não estejam ainda disponíveis todas as respostas, todas as valências previstas, o que, a fazer fé nas informações veiculadas, só acontecerá no final de fevereiro, data prevista para a abertura da urgência geral.
Uma situação particularmente penalizadora para os utentes, dado o encerramento já concretizado das urgências do Hospital Curry Cabral e a natural sobrecarga das urgências do Hospital de Sta. Maria, o que tem já como consequência uma situação de rutura que obriga a horas e horas de espera, que chegam às 10,11, 12 horas…
A responsabilidade politica e o mais elementar bom senso exigia que só se encerrasse um serviço após a abertura do outro. Mas mais uma vez os interesses económicos se sobrepõem aos interesses dos utentes e da população em geral e a saúde é tratada como um mero negócio.
Como é conhecido, o modelo adotado para a construção e gestão deste hospital, mais uma parceria público-privada, nunca teve a concordância da CDU, que sempre defendeu o caracter publico e integral deste equipamento em todas as suas fases, desde a construção à manutenção e gestão.
Os tristes exemplos já existentes em matéria de parcerias público-privadas e em particular na área da saúde falam por si mesmo e chegam para justificar a nossa posição critica e de grande apreensão.
Fundamental tinha sido também salvaguardar devidamente as condições de acessibilidade em toda a área de influência do Hospital, assegurando os necessários transportes públicos em todas as freguesias e com horários e frequência adequados.
Assim ainda não acontece e pela nossa parte e com a população, tudo faremos na exigência da correção desta situação.
A falta de transportes e dificuldades no acesso justificou já o compreensível protesto da população da Pontinha, para quem, a manterem-se os transportes existentes e anunciados, o Hospital de Sta Maria fica efetivamente muito mais próximo.
Uma situação que merece a nossa total compreensão e justifica a defesa da sua rápida alteração.
Para estas dificuldades muito contribui o incumprimento da promessa de prolongamento da linha do Metropolitano até Loures, gorando assim uma vez mais as legítimas expectativas da população.
A acrescer, o que conhecemos com sendo a oferta da Rodoviária de Lisboa e o reforço anunciado, não acrescenta o necessário, é claramente insuficiente.
Basta atentarmos nas freguesias da Pontinha ou Famões, por exemplo, para facilmente o compreender. Sem qualquer transporte direto, os utentes destas freguesias vêem-se obrigados a deslocar-se até ao metro de Odivelas e aguardar aí pelo transporte rodoviário, com intervalos de meia hora. Muitas vezes, mais meia hora pode ser uma eternidade para quem está doente.
Quanto à população da Póvoa de St.o Adrião, embora a dois passos do Hospital, tem que fazer um percurso muito alargado, dando a volta por Loures, com os efeitos negativos óbvios, quer em tempo, quer em custos de transporte.
A par destas dificuldades, outras subsistem para a população do nosso Concelho.
São os médicos de família em falta e que já não existem para mais de 60.000 utentes, mais de um terço do total de inscritos.
São as condições indignas em que funcionam os serviços, em instalações degradadas e sem condições e o continuado incumprimento das promessas de construção de novos centros de saúde. Onde estão os 4 novos centros prometidos em vésperas de eleições? Nem um, uma vez mais, nem um. Verdadeiramente escandaloso e a justificar todas as formas legitimas de pressão e luta, por parte de quem tem responsabilidades locais, de quem foi eleito para defender os interesses das populações.
Mas é também o encerramento do Catus, deslocado de forma sorrateira de Odivelas para a Póvoa e que agora querem encerrar. Expressamos sem ambiguidades a nossa total rejeição por esta medida e exigimos o seu regresso a Odivelas, onde sempre funcionou.
É ainda o aumento escandaloso das taxas moderadoras nas consultas e atos médicos, na maioria das situações com valores que chegam ou ultrapassam o dobro do que era cobrado e impede, neste momento de grandes dificuldades para a maioria das pessoas e das famílias, que tenham os cuidados de saúde que precisam.
O acesso aos cuidados de saúde com qualidade e a que a população de Odivelas tem direito exige respostas adequadas e integradas, ao nível dos cuidados de saúde primários, das urgências ou dos cuidados hospitalares.
Tal como uma rede de transportes que assegure a mobilidade necessária. Infelizmente tudo isso está longe de estar assegurado.
Pela nossa parte, eleitos da CDU, assumimos o compromisso de que continuaremos como até aqui, ao lado da população, na luta por mais e melhores cuidados de saúde, com qualidade e acessíveis a todos.
Porque a saúde é um direito e não pode ser transformada num negócio!
Odivelas, 25 de Janeiro de 2012
Os Vereadores da CDU
Maria da Luz Nogueira
Rui Francisco
2.ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Odivelas