Na reunião de Câmara Municipal de Odivelas realizada na quarta-feira, 15 de Julho, os vereadores da CDU manifestaram-se contra o fecho do Refeitório Municipal dos trabalhadores da Câmara Municipal de Odivelas e denunciaram a dramática situação vivida pela população de Caneças em matéria de saúde.
Câmara Municipal de Odivelas encerrou o seu Refeitório Municipal
A 16 de Julho encerrou o Refeitório Municipal, catorze anos após a sua abertura a 1 de Junho de 2001. A criação deste importante equipamento social para os trabalhadores do novo Município contou com a unanimidade das forças políticas que integravam a Comissão Instaladora.
O encerramento, agora, registado é da inteira responsabilidade do PS que preside à CMO e do seu parceiro de coligação o PSD. Os vereadores CDU criticam vivamente todo o processo e estão contra o seu lamentável desfecho.
Os vereadores da CDU consideram que o encerramento do refeitório é o culminar da politica do “deixa andar”, da “morte lenta” deste equipamento por ausência de uma gestão cuidada, de permanente ponderação de custos e benefícios, de adoção de medidas centradas na promoção de diversas modalidades de aumento do número de refeições, na criação de pratos a preços mais económicos colocando o Refeitório ao serviço dos seus trabalhadores.
A verdade é que a maioria PS/PSD foi deixando degradar a situação quer quanto à redução do número de utilizadores, quer quanto ao elevado volume de custos e que tinha no aluguer das instalações uma fatia elevada – 4 254 euros/mês – sem que nada tenha sido feito para alterar esta situação.
Os vereadores da CDU assinalaram que não houve vontade politica para, pelo menos no atual mandato autárquico, estabelecer um plano de inversão desta situação, procurando garantir soluções alternativas assentes no funcionamento de um Refeitório efetivamente ao serviço dos trabalhadores desta autarquia. E tal não aconteceu, porque há muito que a atual maioria PS/PSD votou este equipamento ao abandono demitindo-se de assumir as suas responsabilidades para com esta importante função social.
Para os vereadores da CDU o funcionamento de um Refeitório Municipal tem como objetivos a promoção de diversas dimensões do bem-estar dos trabalhadores; contribuir para a sua saúde alimentar através do fornecimento de refeições de qualidade e a preços acessíveis, proporcionar momentos de pausa e descontração. No caso de Odivelas, com a profunda dispersão de serviços, a existência de um Refeitório Municipal assume redobrada importância para o convívio e interligação entre trabalhadores, para reforçar laços de pertença e de grupo.
A função social do Refeitório Municipal não está ultrapassada, nem é substituível pelos contratos com diversos restaurantes que agora são apresentados pela CMO como a alternativa para os trabalhadores do Município.
A desigualdade no acesso à saúde em Caneças e no Concelho
Na sequência do contacto que tiveram com utentes do Centro de Saúde de Caneças, os vereadores da CDU colocaram na reunião de Câmara o problema da falta de médicos de família que, naquele Centro de Saúde atinge cerca de 5 800 utentes, questionando a Presidente da Câmara sobre que diligências estão a ser feitas junto do Ministério da Saúde para alterar esta situação. Estes utentes estão dependentes das consultas de recurso, para as quais existem apenas 5 vagas à segunda-feira e 10 vagas à quarta-feira, obrigando-os a longas horas de espera pela madrugada.
Relativamente à situação da saúde no Concelho, os vereadores denunciaram a desigualdade existente no acesso aos cuidados de saúde, entre os utentes das Unidades de Saúde Familiar (USF) e os utentes das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP).
Esta desigualdade resulta da diferença de recursos de que estas estruturas dispõem, criando condições diferentes de atendimento dos utentes.
Refira-se a título de exemplo o Centro de Saúde da Póvoa de Santo Adrião, onde na USF existem 6 médicos e 4 enfermeiros para cerca de 10 300 utentes enquanto na UCSP existem 4 médicos e 2 enfermeiros para 10 600 utentes.
A nível concelhio, no conjunto das 3 USF existentes em 2014 havia 21 médicos e 17 enfermeiros para cerca de 40 mil utentes enquanto nas UCSP havia 48 médicos e 30 enfermeiros para cerca de 115 mil utentes. Importa ainda sublinhar que os médicos das UCSP além dos utentes que lhe estão atribuídos têm que garantir as consultas de recurso aos utentes sem médico de família.
Odivelas, 16 de Julho de 2015