Francisco Lopes com Jovens licenciados e em profissões intelectuais

No passado sábado, 18 de Dezembro, no
Clube Estefânia, o candidato à Presidência da República Francisco Lopes
encontrou-se com jovens licenciados e jovens de profissões intelectuais
para ouvir e discutir os seus problemas laborais. A audiência fez
intervenções sobre os bolseiros de investigação científica, os juristas e
advogados, os psicólogos, os jornalistas, os arqueólogos, os
trabalhadores das artes de espectáculo, entre outras. Das intervenções
sobressaiu que a predominância da precariedade, condição que atinge
grande parte dos jovens trabalhadores, mas também os jovens licenciados e
a nova geração de profissionais intelectuais.

 

Precariedade, que à
semelhança das outras áreas, se traduz na flexibilidade de horário de
trabalho, na contenção salarial (incluindo formas não remuneradas de
trabalho, como os estágios não remunerados dos jornalistas ou juristas),
a instabilidade, e falta de perspectiva de uma carreira. Além dos
problemas específicos de cada área, foi sublinhado o efeito psicológico
nefasto da
insegurança associada à
precariedade, que prejudica não só a capacidade de trabalho de cada
trabalhador, mas também a capacidade do país de aproveitamento destes
profissionais, provando mais uma vez que o país tem recursos para um
desenvolvimento económico, mas que as políticas de direita dos mais de
30 anos em Portugal tem menosprezado e subaproveitado, através da
prática de exploração laboral, destruição do conceito de carreira, e
falta de investimento público. A ansiedade e depressão (que afecta 25%
dos portugueses) resultante da precariedade tem não só custos
económicos, devido à quebra de produtividade e maior frequência de
baixas, mas conduz ao aumento do abuso de substâncias como a droga e o
álcool. À "doença da precariedade" cabe responder com uma "terapia
social", pois a precariedade cria não só problemas individuais
(incluindo por em causa projectos de vida, paternalidade, etc.) como
constituiu um problema colectiva para o desenvolvimento do país.

Francisco Lopes, frisou na sua
intervenção, como o Governo pretende actualmente facilitar o
despedimento para fomentar o emprego, pondo em evidência a sua natureza
de classe e desresponsabilizando-se pelo crescente desemprego. Facilitar
os despedimentos, favorecer os contratos de curta duração, substituir
os contractos colectivos por sector por contratos individuais ou
colectivos por empresa, são vistos por este governo como medidas
positivas, sendo evidente que estas medidas favorecem o patronato e
prejudicam severamente a classe trabalhadora. Com toda uma geração que
só conhece o trabalho precário, apelou a que esta geração não se deixe
caracterizar como a "geração à deriva", mas que há semelhança da geração
que lutou contra o fascismo, seja a geração "que lute por flutuar", que
lute por um ruptura a actual falta de rumo do país. Apelou ao voto na
sua candidatura presidencial como a única candidatura que represente
essa vontade de ruptura.

Mas mais que o apelo ao voto, apelou à
confiança na força dos trabalhadores portugueses para a ruptura, para
contribuir para um movimento com força para criar uma alternativa, sendo
que a corrida presidencial é apenas um passo na construção desse
movimento de ruptura, na qual os jovens têm um papel de grande
relevância. Por fim, desafiou à reflexão: com a aceleração da quebra de
soberania e autonomia, não estará comprometida a própria
auto-determinação nacional?