No dia 1 de Outubro, uma delegação do PCP, da qual fazia parte a candidata e deputada da AR Rita Rato e o candidato e deputado Municipal Carlos Silva Santo, visitou o Hospital Miguel Bombarda, correspondendo ao pedido de uma das organizações que integram o Movimento para a Classificação do Património Edificado do Hospital Miguel Bombarda, pelo inegável valor museológico (dois desses edifícios já classificados). Nesta visita, participada por cerca de duas dezenas de pessoas, maioritariamente ex-trabalhadores daquela instituição, mas também especialistas na área da cultura, designadamente da história da arte (Prof. Vítor Serrão) e também o autor de uma obra sobre o Panótico (Dr. Victor Freire) e fundador do museu instalado no edifício desse estilo arquitetónico, único em Portugal, e dos poucos existentes no mundo. A visita foi conduzida por este ex-administrador daquele hospital. Não se tratou de uma típica ação de campanha, visto aquela instituição, pioneira na assistência psiquiátrica, estar desativada e entregue a uma degradação acelerada, que a deputada testemunhou. Mas tratou-se, de uma clara posição de apoio à salvação de um património histórico, arquitetónico e científico, no domínio das ciências medicas, testemunhado por um riquíssimo acervo documental que corre o risco de se perder em vez de se transformar num verdadeiro Arquivo que as instalações daquela instituição tem todas as condições para acolher. O Hospital Miguel Bombarda faz parte de um conjunto instalado num espaço que em termos “olissiponensis” se chama “ Colina de Santana”, uma entre as outras que fazem de Lisboa uma das mais belas cidades do mundo. Nela se encontram outros hospitais (S. José, Capuchos, Sta. Marta) também eles instalados em monumentos que pertenceram a diversas Ordens Religiosas com alguns edifícios também já classificados. No contexto arquitetónico lisboeta há que assinalar o soberbo panorama que se oferece a quem sobe, por exemplo, ao Castelo de S. Jorge de onde se observa como se combinam as águas do Tejo com suas margens naturais da “ Outra Banda”, a vastidão do seu estuário, o “Mar da Palha”, a harmonia da margem lisboeta com os seus monumentos de épocas diversas que se elevam acima do vermelho dos velhos telhados da “Lisboa Antiga”, num equilíbrio policrómico que deslumbra tanto os visitantes. É o tempo de decidir se, se vai deixar avançar a subversão do betão e do vidro espelhado que nos cega na cidade dos negócios improdutivos. Por isso é urgente por a salvo a harmonia das colinas da cidade, a de Santana entre as outras, de uma empresa pública (ESTAMO) cuja atuação desmente a sua natureza que deveria ser o interesse público e se comporta como uma agência imobiliária em negócios de duvidosa transparência como foi o caso da venda do degradado Hospital de Arroios. É que há outros bárbaros muito mais sofisticados do que aqueles destroem à marretada património da humanidade em cidades como Palmira… O PCP assumirá a defesa deste património que corre o risco de se degradar irremediavelmente.
Lisboa, 16 Outubro de 2015
O Sector da Saúde da ORL