EMPACOTAR OS HOSPITAIS PSIQUIATRICOS PARA OS DESMANTELAR?

EMPACOTAR OS HOSPITAIS PSIQUIATRICOS PARA OS DESMANTELAR?
 
Assistimos à substituição dos Conselhos de Administração dos Hospitais Júlio de Matos e Miguel Bombarda por um único órgão de gestão comum àqueles hospitais. Aguardamos para tentar saber qual a finalidade desta mudança, mas até esta data nada de oficial nos foi dado saber.
Todavia, sabemos que este governo cuja política na área da saúde se cifra pelos cortes, sempre com o argumento de que a meta é melhorar, também não deixa a saúde mental em paz.
Os alvos mais fáceis e mais apetecíveis são os poucos hospitais psiquiátricos do Estado, que se contam pelos dedos de uma mão. A finalidade é “reestruturar” a saúde mental, os meios são o abate à carga do Estado de mais uns hospitais. Mantém-se o mistério: quais serão? Parece que o segredo é a alma do negócio…
A Comissão para a Reestruturação é presidida pela mesma pessoa que encabeçou há quase 20 anos a tentativa de venda especulativa dos terrenos do Júlio de Matos, na altura em que reinava no ministério Leonor Beleza. Mudam-se os tempos, mas as vontades são as mesmas.
Ninguém está convencido de que algo de bom se prepara. Correm boatos, até se diz que o ministério se iria alojar num dos hospitais psiquiátricos. Neste ambiente de incerteza, de instabilidade e de perturbação, alongado por quase um ano, já se ressente a saúde mental dos técnicos e dos doentes.
O projecto da Comissão de Reestruturação, anunciado para o fim de Março, e sucessivamente adiado, deve ser objecto de um atento exame. Os trabalhadores dos Serviços de Saúde Mental e Psiquiatria devem preparar-se para agir e reagir, defendendo direitos profissionais e as condições de vida e assistência dos doentes psiquiátricos.
Por detrás das palavras, das promessas, há que estar atento à realidade dos factos que não mentem!
Mais que certo é que nada de bom se projecta, nem para os utentes, nem para os trabalhadores dos Hospitais Psiquiátricos. Razão de sobra para uma massiva adesão à Greve Geral do dia 30 de Maio, convocada pela CGTP, como forma de travar esta onda de destruição.
 
Lisboa, Maio de 2007
 O.D. Sector Saúde