1905, O Partido Socialista e o Revolucionarismo sem Partido

 

«A entrega à luta em curso, entrega necessária e legítima, sem a qual é impossível o êxito da luta, obriga a idealizar estes objectivos imediatos e elementares, pinta-os de cor-de-rosa, reveste-os mesmo por vezes de roupagens fantásticas; o simples democratismo, o democratismo burguês vulgar, é tomado por socialismo e «é registado» como socialismo. Todos parecem «sem partido»; todos parecem fundir-se num só movimento «libertador» (de facto: que liberta toda a sociedade burguesa); todos adquirem um leve, ligeiro matiz de «socialismo», particularmente devido ao papel de vanguarda do proletariado socialista na luta democrática.»

«Mas esta indiferença não equivale a neutralidade, a abstenção da luta, porque na luta de classes não pode haver neutros; na sociedade capitalista não é possível «abster-se» de participar na troca de produtos ou de força de trabalho. E a troca gera inevitavelmente a luta económica, e na sua sequência também a luta política. A indiferença em relação à luta não é por isso, na realidade, de modo nenhum afastamento da luta, abstenção dela ou neutralidade. A indiferença é um apoio tácito àquilo que é forte, àquilo que domina.»

«Que táctica devemos nós aplicar nas associações sem partido? Em primeiro lugar, aproveitar todas as possibilidades para estabelecer ligações independentes e fazer propaganda de todo o nosso programa socialista. Em segundo lugar, definir as tarefas políticas imediatas do momento do ponto de vista da realização mais plena e decidida da revolução democrática, lançar palavras de ordem políticas na revolução democrática, apresentar o «programa» das transformações que a democracia revolucionária combatente, diferentemente da democracia liberal traficante, deve realizar.»

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