«Se a táctica da burguesia fosse sempre uniforme, ou pelo menos sempre semelhante, a classe operária rapidamente aprenderia a responder-lhe com uma táctica igualmente uniforme ou semelhante. Na realidade a burguesia em todos os países elabora inevitavelmente dois sistemas de governo, dois métodos de luta pelos seus interesses e pela salvaguarda da sua dominação, e estes dois métodos, ora se sucedem um ao outro ora se entrelaçam em combinações diversas. Trata-se em primeiro lugar do método da violência, do método da recusa de quaisquer concessões ao movimento operário, do método do apoio a todas as instituições velhas e caducas, do método da negação intransigente das reformas. (…) O segundo método é o método do «liberalismo», das medidas no sentido do desenvolvimento dos direitos políticos, no sentido das reformas, das concessões, etc.»
«A burguesia não passa de um método para o outro por cálculo malévolo de determinadas pessoas nem por acaso, mas em consequência da contradição fundamental da sua própria situação. Uma sociedade capitalista normal não pode desenvolver-se com êxito sem um regime representativo consolidado, sem determinados direitos políticos da população, que não pode deixar de apresentar uma exigência relativamente elevada no aspecto «cultural». Essa exigência quanto a um certo mínimo de cultura é gerada pelas condições do próprio modo de produção capitalista, com a sua elevada técnica, complexidade, flexibilidade, mobilidade, rapidez do desenvolvimento da concorrência mundial, etc. As flutuações na táctica da burguesia, as passagens do sistema da violência ao sistema de pretensas concessões, são em consequência disso, características da história de todos os países europeus (…)»
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