Ermelinda Oliveira fez 90 anos a 30 de Março. Ontem, os seus camaradas e amigos promoveram a um jantar de aniversário e homenagem, no Centro de Trabalho do PCP, em Queijas. Hoje estava na rua. As imagens valem por mil discursos, excepto o dela. Ermelinda, mantém as ideias bem arrumadas, a mesma energia, a mesma persistência, a mesma postura séria, a mesma esperança, o mesmo sonho e o mesmo orgulho de uma vida dedicada à luta em defesa de quem trabalha, dos humilhados e ofendidos. Os rostos (embevecidos) seguiam-lhe as palavras enquanto Ermelinda recordava lutas e pequenas vitórias que para ela eram (foram) enormes.
Foi um jantar bonito em que muitos camaradas lhe dedicaram palavras de carinho e em que Daniel Branco contou coisas dela que a maioria não sabia.
(Citamos de cor):
«Era Ermelinda miúda, muito pequena (risos, pois ela dá pelo ombro ao mais baixo de nós) e tinha, por imperativos da vida, de tratar da lida da casa enquanto sua mâe trabalhava. Um dia, ternurenta como era (e se mantém), resolveu fazer uma surpresa a sua mãe. Colheu flores, de todas espécies e cores que haviam no quintal, e engalanou a casa. Por todo o lado, usou jarras e usou soluções improvisadas para depositar flores. A mesa ficou decorada com ramos e pétalas. Depois sentou-se e ficou esperando que a mãe regressasse. Quando esta chegou. Surpresa. A mãe olhou em volta e esboçou um ar de terno agradecimento, mas a voz saiu-lhe embargada, com um lamento: “Filha, agora vamos perder todos os frutos com que contávamos do quintal”
Foi uma noite bonita