Mais de “30 anos de amigos a somar, inimigos a subtrair, alegrias a multiplicar e tristezas a dividir” parece ser, e de facto é, o lema de todos os que integram o Centro Nuno Belmar da Costa. Todos, os seus 50 funcionários e os 51 utentes do Centro (29 internos e 22 externos), se enquadram nessa feliz expressão. Testemunhámos isso pelos afectos, sorrisos e cuidados. Registámos as tristezas divididas. Anotámos tudo, no papel e na memória.
A visita foi guiada pela coordenadora do Centro, Odete Nunes. Falava com o calor de quem fala no que se empenha. Mostrou-nos os amplos, limpos e coloridos espaços. A sala de estar, onde estavam anormalmente quase toda a gente inibida da prática das actividades planeadas, por uma arreliadora paragem do elevador (as reparações são uma dor de cabeça traduzida, também, em facturas de quase sempre três dígitos). Passámos, depois pelo refeitório, cozinha. Aqui parámos um pouco para ouvir explicar que desde o inicio do mês, por razões financeiras, se tinha regressado à confecção própria (antes subcontratada). Entrámos, depois no ginásio, utilizado como “clube” de múltiplas actividades. O monitor, presente, ia assistindo ao discurso orgulhoso da coordenadora que falou nas sucessivas representações olímpicas e nas medalhas. Ouro, ouro, ouro, para o atleta de “bócia”, o João Martins, que apenas este ano falhou “já contava, o João já tinha decidido ser a sua última. Visitámos os quartos, também eles limpos e arrumados ao gosto de quem os ocupa. Visitámos a sala de “snoezelen” destinada a terapias de relaxamento e de limitações de stress. Perto, a sala dedicada ao recolhimento religioso e à sua prática. O Centro assegura, com a colaboração da paróquia, a catequese. Para a missa, deslocam-se à igreja, os que o quiserem fazer. Foi neste espaço que a conversa se desenvolveu comentando-se as liberdades e o respeito pelas opções individuais de cada um.
No decurso de toda a visita, Gabriela Tavares (candidata à Assembleia Municipal e antiga funcionária do Centro) ia recebendo cumprimentos, abraços e beijos quer de seus ex-colegas quer dos utentes, sendo visíveis a simpatia e a amizade que, ainda, a unia àquela boa gente. Refira-se, aliás, que a Gabriela no âmbito da responsabilidade como eleita da Junta de Freguesia de Oeiras e São Julião da Barra, tem desenvolvido com o Centro e restantes instituições sociais de Oeiras um trabalho de constante apoio e colaboração.
A visita foi encerrada, juntando às anotações que iam sendo feitas, a lista de problemas com que o Centro se debate: as dificuldades do financiamento corrente, a redução de apoios ao nível de programas de “mecenato”, que se traduzem: em sérias dificuldades de recursos financeiros, nomeadamente no pagamento de parte do salário sem ser previsível quando os trabalhadores o receberão na totalidade; a redução brutal dos apoios da Câmara, que passaram, em poucos anos, de 20 mil euros para os actuais 5 500 euros.
À pergunta “o que espera da CDU?”, responde que faça o possível para melhorar a situação e, se puder ajudar desde já, que a CDU intervenha no sentido da Câmara alterar a resposta negativa que deu ao pedido feito, pelo Centro, para desonerar este do pagamento da factura correspondente à iluminação exterior, da frontaria do edifício. Em obras recentes o contador desta energia passou a ser integrado no consumo da rede interna: “é que a iluminação exterior é indispensável designadamente no que se refere à segurança. Isto tudo apagado, parece um edifício fantasma…”.
Daniel Branco registou. Nós também, é que o Programa CDU será “construído” com tudo o que for anotado e nos for pedido, desde que seja justo e fizer sentido…