A conversa com os pescadores estava combinada e a delegação da CDU chegou um pouco mais cedo para aferir e ajustar as ideias validando-as no local. O pequeno grupo percorreu as instalações dos pescadores, vestiários, armários e locais de arrumo dos aprestos da pesca, no edifício geminado com as instalações do Clube Náutico (Clube Desportivo de Paço de Arcos). Depois foram para o lado da Praia dos Pescadores (Praia Velha, designação por que é também conhecida). Olhando ao largo, o projecto de que vinham falar fazia cada vez mais sentido…
Edifício onde se localizam as instalações dos pescadores, fronteiro à praia…
O encontro deu-se. A foto o documenta, da esquerda para a direita: Carlos Coutinho, cabeça de lista à AMO; José Carvalho, candidato à Assembleia da União de Freguesias, em representação de Paço de Arcos; Daniel Branco, candidato è Presidência da CMO; Carlos Boiça, pescador profissional e até à pouco tempo responsável associativo da organização local dos pescadores (hoje inactiva). Lá atrás, um pescador luta com um peixe grande, pois que ainda os há… E foi por aí que a conversa começou. Carlos Boiça foi descrevendo a situação: é pouco o peixe mas há-o na abundância suficiente e com expressão económica. Há entre 40 a 50 barcos em faina normal o que significa a ocupação de cerca de 100 pessoas e outras tantas famílias, muita gente… A questão não é tanto a falta de peixe, mas o aplicarem-se práticas abusivas que acabem com o que resta. Se, por exemplo, forem aplicadas rigorosamente as regras de selectividade das artes (total proibição do uso de redes), há sustentabilidade da actividade, há condições para garantir a sobrevivência desta gente… existem outros problemas… quer outro exemplo? a falta de racionalidade das medidas de protecção das espécies (defeso) associadas a limitações definidas por referenciais geográficos, por zonas… a proibição de pescar, em determinados períodos, devia ser válida para toda a costa e não numa zona… outra medida de defeso que ninguém entende: a proibição de pescar aos fins-de-semana, como é o caso da amêijoa…
Ia a conversa continuando quando outro pescador, de nome Rosa, se juntou ao grupo e foi dando, também ele, explicações e detalhes. Aqui, o grande problema é, como sabem, o terem acabado com a lota de Pedrouços… e, deste lado do rio não se ter assegurado alternativa… ou se atravessa o rio, com custos incomportáveis, ou se corre o risco de trazer o peixe para aqui e transportá-lo em carrinhas podendo ser interceptado pelas autoridades, pagar a multa e ter o pescado, a viatura, tudo apreendido. Muitos não têm aguentado estas condições, mas chegam outros… a pressão do desemprego faz do mar uma oportunidade, muitas vezes clandestina…
Foi nesta altura que o candidato Carlos Coutinho fez a pergunta: Porque não um porto aqui?, e sem esperar a resposta falou com aquela segurança de quem sabe o que diz (Carlos Coutinho é Oficial da Marinha e professor na Escola Náutica Infante D. Henrique). Ele já muito refletiu no que foi dizendo: aqui ia bem um Portinho, há tantos por essa costa fora. Um “portinho” integrando valências que dinamizassem e apoiassem o sector da pesca local, como sejam: a descarga, a comercialização do pescado, o estacionamento organizado das embarcações (fingers), um parque de doca seca e condições para armazenagem dos apetrechos. Não precisavam de qualquer edificado… e começou a descrever, com acertos e contributos dos pescadores ali presentes o que poderia ser a solução. Rogério Pereira, candidato cabeça de lista pela CDU, à União das Freguesias de Oeiras e S. Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias (que não aparece nas fotos) ia tomando notas de tudo e, no fim, ofereceu-se para as “passar a limpo”. E aí estão…
A foto da esquerda (clique para ver maior), mostra em vista aérea o local. A vista, desde logo evidência as condições naturais a facilitar a solução. A foto da direita (clique para ver maior) explica a solução seguindo-se a legenda: A) Edificado actualmente usado pelos pescadores que passariam a contar com outro edifício de apoio operacional B) pois estas instalações, pertencendo aos “Socorros a Náufragos”, estão a ser progressivamente desactivadas. O “Portinho” podia ser construído prolongando o enrocamento de protecção à actual amurada e passadiço C) prolongando-o uns metros adiante do “gaiser”, podendo este manter-se ou não, ou até mudar de lugar. Outro enrocamento podia nascer, junto às intalações dos “Socorros a Naufragos” D) com a orientação e implantação que se desenha na foto… Ambos os enrocamentos deviam ser subidos, ao nível (à cota) da marginal.
Esta podia ser uma fase intermédia, durante a qual as embarcações ainda poderiam fundear um pouco a esmo e sem organização particular…
Numa segunda fase, o “Portinho” deveria resolver este problema, com recurso a uma solução de passadiços de atracação (fingers)
A CDU depois de validar, assim, esta ideia pensa vir a continuar a sua discussão, alargando-a a todos os pescadores (em data e local a anunciar).