Sobre a actualidade – 17/10/2007

DECLARAÇÃO POLÍTICA DOS VEREADORES DA CDU

Sobre a actualidade


Na reunião do dia 19 de Setembro apresentámos uma declaração política onde dávamos conta de uma série de acontecimentos que marcavam na altura a agenda deste país. Estamos a falar de todos aqueles casos que fizeram manchete nos jornais, e que se prendiam com as supostas ofensas ao Sr. Primeiro-ministro e respectivas consequências.

O barulho que se fez à volta do assunto, com declarações de militantes do PS dizendo que o que se tinha passado não era mais do que situações esporádicas e estranhamente coincidentes, não convencia. Segundo os seguidores de Sócrates, estávamos todos a fazer uma tempestade num copo de água. E o barulho era grande e ecoava em todas as direcções, quase nos convenciam que aquilo que tínhamos ouvido e visto não era verdade. Mas para quem tem memória, tinha havido na atitude dos governantes e seus acólitos tiques de prepotência e arrogância que nos causaram revolta.

Algumas pessoas amigas diziam; “não o Engenheiro não é pessoa para perseguir ou intimidar aqueles que não pensam como ele, ele é PS e os socialistas não perseguem os outros, não são antidemocratas, eles até lutaram pela liberdade, estão a ver mal a coisa”. Mas, somando um mais um ia dar tudo ao mesmo, corriam processos disciplinares a quem tinha discordado, Directores afastados do cargo, Queixa-crime contra um cidadão anónimo, demissão de funcionários. Eram muitas situações estranhas num país democrático. E não foi preciso esperar muito tempo. Mais cedo do que tarde verificamos hoje, que estávamos certos, aqueles tiques de autoritarismo, de prepotência, de arrogância e cinismo voltaram novamente e em força.

A sociedade portuguesa está ainda impregnada da mentalidade Salazarista. O controlo e o medo associado ao caciquismo e reverência levam a situações como aquelas que se passaram na última semana. Estou a falar na deslocação do Sr. Primeiro-ministro a Montemor Velho. Na visita que efectuou foi recebido por duas manifestações, uma a favor e outra contra. Mas o Sr. 1º Ministro não gosta de manifestações que não lhe sejam favoráveis, e por essa razão, a policia cumprindo ordens reage da maneira que todos vimos. Os cidadãos foram identificados, acantonados num determinado espaço, limitados por uma fita, e os cartazes e as faixas foram retirados.

Dois dias depois o mesmo 1º Ministro deslocar-se-ia a uma escola da Covilhã. Alguém pensou: é preciso ter cautelas, existia o perigo desses manifestantes voltarem à carga. Assim, como quem não quer a coisa, na véspera, dois policias á paisana, resolvem passar pela sede do Sindicato dos Professores na Covilhã para verificar documentos e aconselhar regras de bom comportamento e educação que se devem ter, quando se espera o Sr. 1º.

No dia da visita, lá estavam os manifestantes, os bons e os maus. Com o cinismo que o caracteriza o Engenheiro diz para as câmaras da televisão que “ isto é a festa da democracia” só que para ele estavam lá uns que nitidamente estragavam a festa, os culpados do costume os comunistas, o PCP. Eles estão em todo o lado e tem muita força. Já era assim antes do 25 de Abril.

A visita dos polícias ao sindicato levantou um coro de criticas e protestos que obrigaram o Sr. Ministro da Administração Interna a mandar fazer um inquérito. O resultado desse inquérito é surpreendente. Segundo o Sr. Ministro a visita é normal não há qualquer facto ilícito. A polícia visitar um Sindicato sem qualquer ordem judicial na véspera de uma visita do 1º Ministro, é a coisa mais normal da vida, nem se percebe a surpresa.

Façamos agora este pequeno exercício de raciocínio, suponhamos que estas situações estranhas e antidemocráticas, se passavam num outro governo, dum outro partido. Estaríamos neste momento a assistir a um P.S em estado de guerra, ter-se-iam levantado em força, desdobrando-se em comunicados e declarações contra o perigo e a ameaça à liberdade, desceriam, se necessário fosse, a Avenida da Liberdade. Mas isto só aconteceria se o PS fosse oposição. Como governo os valores da liberdade e da democracia podem esperar.

Odivelas, 17 de Outubro de 2007

Os vereadores da CDU