No momento em que nos aproximamos das comemorações do 13º aniversário do concelho, no próximo dia 19 de Novembro, Odivelas, o concelho mais jovem do Distrito de Lisboa, criado em 1998, é marcado por graves problemas sociais que, não sendo exclusivos, têm aqui a expressão mais acentuada da AML – Norte.
É no concelho de Odivelas que se regista o maior crescimento do desemprego, um aumento de 8,7% entre Setembro de 2010 e Setembro do corrente ano. E falamos do desemprego registado, que, como se sabe, fica sempre aquém do desemprego real. Nos concelhos limítrofes o crescimento mais próximo foi na Amadora e corresponde a um aumento de 5,9%.
É também em Odivelas que os níveis salariais são mais baixos, uma realidade que infelizmente se vem repetindo. Os últimos dados conhecidos indicam que o salário médio corresponde a 63% do registado na Grande Lisboa.
Os baixos rendimentos estão igualmente patentes quando se olha para o número de crianças carenciadas no 1.ºciclo do ensino básico e se constata que estas representam quase 50% do total, sendo que das crianças carenciadas 63% correspondem ao escalão 1 do abono de família.
No que se refere aos cuidados de saúde, o panorama é igualmente desolador: são já mais de 60.000 os utentes que não têm médico de família, ou seja cerca de 35% da população do Concelho. Em cada ano que passa aumenta a população e diminui o número de médicos, o mesmo acontecendo com os enfermeiros, mas mesmo assim, no final do mês passado, 22 enfermeiros viram a sua prestação de serviços dispensada. Foram despedidos. Sim, porque chegámos ao ponto em que também os profissionais de saúde são contratados através de agências de prestação de serviços!
O CATUS, o único serviço desta natureza existente no concelho, está na mira do Governo para encerrar, desde o tempo de Correia de Campos. Sendo este um assunto que mobiliza a população, adotaram como estratégia: primeiro reduzir o horário de funcionamento, depois transferir, alegadamente com carácter provisório, para a Póvoa de St.º Adrião, invocando as obras como motivo. As obras acabaram mas o CATUS não voltou ao seu local de origem e preparam-se para o fechar logo que entre em funcionamento o Hospital de Loures.
Quanto aos transportes, o que se avizinha, de acordo com o que é anunciado no “estudo da reformulação da rede” a ser concretizado significaria um retrocesso inaceitável e ou como diz o povo passar de “cavalo para burro”. Para além de pretenderem reduzir o horário de funcionamento do Metro entre o Campo Grande – Odivelas e Colégio Militar – Pontinha, que passaria a fechar às 21h30, querem também suprimir o único autocarro da Carris que ainda vem a Odivelas.
Depois de terem retirado por completo duas carreiras da Carris (o 101 e o 7) e de terem reduzido para um terço a frequência do 36 dentro de Odivelas, querem agora a sua supressão, o mesmo acontecendo com a carreira que faz a ligação ao centro da Pontinha.
Não admitiremos o recolher obrigatório que querem impor à população do concelho de Odivelas.
Também no que respeita à organização administrativa o mote é “ó tempo volta p’ra trás”.
Das actuais sete freguesias, querem reduzir para três, sendo que duas das que pretendem extinguir – Ramada e Famões – são as que tiveram um crescimento populacional igual ou superior a 20% nos últimos 10 anos e cujo desenvolvimento justificou a sua criação, dando resposta aos anseios da população e por esta via permitindo uma gestão mais próxima, mais célere e eficaz.
Esta Câmara não pode ficar calada e sem nada fazer quando nos querem tirar tudo.
“Odivelas Terra de Oportunidades” é uma ideia cada vez mais distante.
Face a esta brutal ofensiva do Governo PSD/CDS-PP, os vereadores da CDU tudo farão para desenvolver e apoiar a luta contra este ataque aos trabalhadores e ao povo do concelho de Odivelas.
Odivelas, 8 de Novembro de 2011
Os Vereadores da CDU
Ilídio Ferreira
Rui Francisco