Não estranha por isso que Jorge Coelho volte a insistir nos ataques ao PCP e à CDU. Seja com gratuitas e ofensivas ataques à sua gestão, como ainda há dias fez num concelho da península de Setúbal ao compará-lo à Roménia, seja agora com a acusação de que a CDU estaria a fazer fretes a direita pelo facto de assumirmos responsabilidades em câmaras de minoria.
Como a experiência passada evidencia e ao contrário do que o PS insinua, é ao PS, e só no PS, que podem ser encontrados actos e opções que com toda a clareza testemunham a sua disponibilidade para acordos com a direita destinadas a dar combate ao PCP e reduzir a sua influência política nas autarquias:
— Foi o PS quem em 1985 estabeleceu um conjunto de acordos com o PSD em cerca de 40 municípios presididos pelo PCP;
— Foi o PS que em 2001, patrocinou uma candidatura que, sob o disfarce de lista de independentes, correspondia a um acordo do PS e do CDS/PP no concelho de Montemor-o-Novo com o objectivo de retirar a presidência do município à CDU;
— Foi o PS que formalizou em 2001 uma coligação eleitoral com CDS/PP para concorrer a oito municípios da Madeira;
— É o PS que, sempre que chega ao governo, assume uma abusiva utilização dos meios do Estado para discriminar as autarquias da CDU.
É preciso dizê-lo com toda a clareza.
O confronto autárquico é, em particular nos municípios de maioria CDU, com crescente nitidez, um confronto entre um projecto de esquerda e democrático protagonizado pela CDU e uma federação de interesses de direita assumidos pelas candidaturas do PS, em torno das quais se reúnem e convergem apoios económicos e votos do PSD e do CDS/PP.
Camaradas e amigos
Este acto é testemunho da afirmação da CDU, do seu projecto e dos seus candidatos.
Testemunho de afirmação da CDU enquanto espaço de encontro e de participação de milhares de independentes em torno de um projecto claro, politicamente assumido, com provas dadas.
Na CDU não há espaço, por razões de respeito para com o seu projecto autárquico, para uma escolha de candidatos ditada por critério de lista de oferta com origem em excedentes ou desavindos com os partidos que antes representaram ou por interpostas listas de chamados independentes.
Ao contrário de outros, não disfarçamos as nossas candidaturas em falsas candidaturas de independentes onde se asilam os mais contraditórios interesses.
Os candidatos da CDU dão rosto a um projecto claro, distintivo, democrático e de esquerda.
Ao longo de 25 anos, a CDU deu prova de uma intervenção distintiva nas autarquias. Em maioria e em minoria.
— Distintiva, pela proximidade às populações e pelo incentivo à participação enquanto factor e condição essencial para uma gestão democrática;
— distintiva, pela forma como desde a primeira hora assumiu a solução dos problemas de infra-estruturas básicas como um primeiro elemento de desenvolvimento centrado nas necessidades essenciais das populações;
— distintiva, pela forma como lançou e concretizou as bases de planeamento e de ordenamento municipal, e também regional, indispensáveis a um desenvolvimento sustentável;
— distintiva pela forma integrada como associou à construção de equipamentos culturais, sociais e desportivos programas de envolvimento e participação que estão na base da singular democratização, que a caracteriza, da cultura e da prática desportiva;
— distintiva, pela atenção e sensibilidade social que se tem traduzido na contribuição para atenuar desigualdades;
— distintiva pela atenção que dá aos trabalhadores das autarquias e ás suas condições de trabalho.
A CDU afirmou-se — como largamente é reconhecido, mesmo entre adversários, como uma força associada ao que de melhor e mais inovador foi feito na gestão das autarquias.
Assim como se assumiu como uma voz indispensável na defesa dos interesses das populações, deu corpo a causas e aspirações locais e assegurou uma presença crítica, exigente e construtiva para garantir uma gestão transparente e eficaz em todos as autarquias onde, mesmo em minoria, se encontre presente.
É esta contribuição que a CDU se propõe confirmar e prosseguir no próximo mandato nas autarquias locais:
— Assumindo a participação como um factor essencial de uma gestão democrática;
— Assegurando uma gestão integrada e planeada;
— Promovendo uma gestão do território que garanta um desenvolvimento equilibrado sustentável e salvaguarde a defesa do interesse público;
— Fomentando uma política de valorização cultural e desportiva das populações e de estimulo ao associativismo popular;
— Defendendo o caracter público da prestação dos serviços básicos essenciais pela autarquia, desde logo pela firme recusa da estratégia de apropriação privada da gestão da água;
— Valorizando o papel dos trabalhadores das autarquias.
Vamos trabalhar para até Outubro construirmos um resultado que contribua, não apenas para reforçar a presença da CDU, mas para obter um resultado que permita recuperar o tempo perdido e devolver a Odivelas a contribuição indispensável que a CDU, e os seus eleitos, têm a dar para um gestão ao serviço das populações.
Um resultado que traduzido no reforço da CDU contribua para dar força e expressão a um projecto de esquerda no poder local, condição primeira para a sua própria defesa.
E que contribua também para dar mais força à luta por uma política diferente, para abrir caminho a uma mudança a sério na vida do país.
Viva a CDU