Toxicodependências – 27/04/2006

PONTO 5 – Toxicodependências

Saúde e prevenção são um binómio inseparável.

A melhor promoção da saúde é sem dúvida evitar a doença e para tal é necessário a prevenção: conjunto de medidas para impedir o aparecimento da doença.

Os diferentes tipos de prevenção, primária, secundária e terciária, implicam necessariamente uma actuação sobre hábitos e comportamentos do indivíduo. Sobre dependências e consumos, os chamados comportamentos aditivos, tais como o consumo excessivo de álcool, de drogas, de tabaco, etc.

Todas estas dependências têm custos pessoais e sociais muito altos.

A toxicodependência é um fenómeno que, de forma dramática, tem marcado os últimos cinquenta anos. A dependência decorre dos efeitos de uma substância sobre o organismo, o que vai provocar uma vontade irresistível de voltar a consumir. As dependências física e psicológica andam habitualmente associadas. Uma vez instalado o hábito de consumir determinada substância, torna-se difícil abandoná-lo definitivamente

No caso do alcoolismo, podemos dizer que é uma dependência socialmente aceite, tal como o consumo de tabaco não sendo, por isso, menos nocivas.

O alcoolismo é uma doença psíquica e física, porque o alcoólico tem necessidade de álcool para aceitar a realidade; Porque tem tendência a fugir às responsabilidades; Sofre de angústia, é agressivo, resiste mal às frustrações e às tensões; Porque nele o nível de consciência, enquanto racionalidade tende a baixar, levando-o a uma conduta impulsiva. O alcoolismo leva à degradação de várias funções do organismo (sexuais, neurológicas etc.). Uma das mas afectadas é a função hepática. Não obstante a capacidade de renovação da células hepáticas ao fim de muitos anos de consumo dá-se o colapso desse órgão fundamental: o fígado.

Mas é também uma doença social porque há negligência perante a família; divórcios numerosos entre os alcoólicos; Frequentes perdas de emprego; Perdas dos velhos amigos que continuem sóbrios; Problemas financeiros… recurso às organizações sociais; Agressividade perante a sociedade;

Infelizmente, dada a grande abrangência das bebidas alcoólicas, sem uma jurisdição legal e controlo adequado, bem como a crescente disponibilidade de outras drogas e de medicamentos psicotrópicos, este tipo de comportamentos não tende a desaparecer.

Não vão longe os tempos em que a sociedade mais do que tolerar, incentiva o consumo do álcool.

Não vão longe os tempos em que a virilidade masculina é associada a beber um copo de vinho.

Como longe não vão os tempos em que as “sopas de cavalo cansado” eram o prato matinal de muitas crianças antes de irem para a escola. Quanto insucesso escolar destes hábitos decorre.

E o mesmo se dirá no que respeita ao consumo do tabaco. A sua permissão social. A imagem de segurança, de prestígio a ele ligada, torna mais difícil ainda a tomada de quaisquer medidas à sua abolição.

Não é possível hoje esgotar estes temas, no entanto fica feito o desafio para serem pensadas medidas que levem todos admitir que estes comportamentos não servem cada um em particular e a sociedade em geral.

Os comportamentos aditivos individuais reflectem-se em várias áreas da sociedade: justiça, educação, social e na saúde, entre outros. É o erário público que arca com esses reflexos. Sendo assim, é preferível que os custos sejam ao nível da prevenção, mais do que da remediação.

É com base nestes pressupostos que a saúde está hoje aqui em debate e por isso questionamos.

Que medidas, a nível do nosso Concelho, pretende tomar a CMO para actuar a nível da prevenção dos comportamentos aditivos ?

Qual a situação do CAT da Póvoa de Santo Adrião ?

Qual a intervenção nas escola no sentido da sensibilização dos nossos jovens para lhe incutir hábitos de vida saudáveis. ?

Devemos aplicar a sabedoria popular, de que mais vale prevenir do que remediar. O que pensa o executivo fazer a esse nível ?

Tenho dito, obrigada

Odivelas, 27 de Abril de 2006

Lúcia Lemos, Deputada Municipal da CDU