Início do Ano Lectivo – 27/09/2007

DECLARAÇÃO POLÍTICA DOS VEREADORES DA CDU

Início do Ano Lectivo

Acabou-se o período de férias e aí está um novo ano lectivo. Uma vez mais, tal como vem sendo hábito, o governo cria a aparência de que tudo está bem nas escolas portuguesas no início deste ano lectivo.

Curiosamente, a única escola do país onde tudo está bem é uma escola onde os alunos são contratados em agências de modelos, a sala de aula é uma luxuosa e confortável sala do Centro Cultural de Belém e pasme-se, é uma escola onde não há professores.

Esta é a escola que os governantes apresentaram ao país: uma escola de “faz-de-conta” e assim tudo vai bem…

Só que a realidade, infelizmente para os portugueses, é bem diversa.

A realidade é aquela que a última revista Proteste, da DECO, em 5 páginas e um editorial mostra. A realidade é aquela em que as escolas não têm o conforto do CCB. Ao contrário. Nas escolas da realidade o frio, a humidade e a falta de luz adequada são as condições em que os nossos alunos estudam.

Com a agravante de que a maioria das coberturas dos espaços exteriores são feitas com telhas com composto de amianto, comprovadamente cancerígeno.

Estas escolas da realidade, não as de faz-de-conta, também existem no Concelho de Odivelas. O que faz a Câmara para alterar a situação?

Já sabemos que algumas instalações não são da responsabilidade directa da Câmara, mas tudo o que está no território do Concelho diz respeito à Câmara, para exigir melhoramentos ao poder central. Porque não o faz?

Contrariamente ao que a Ministra da Educação anuncia, os seus objectivos não são o combate ao insucesso escolar e a formação dos portugueses.

Esta política de educação tem dois objectivos bem definidos:

– o aumento das estatísticas, para “europeu ver” no que respeita à certificação de escolaridade mínima;

e

– a redução cega de custos, para poder dizer que foi o ministério que mais poupou.

Não deixa de ser caricata a maneira como esta ministra apresentou a sua política, com uma frase no mínimo ofensiva para a inteligência dos portugueses: perdi os professores mas ganhei a população. Para esta ministra a escola é tudo, menos um lugar onde devam existir professores.

Na mesma linha brilhante de raciocínio, vimos a mesma ministra dizer que este era o ano lectivo, em comparação com os anteriores, em que haviam mais alunos na escola e menos professores… esta é uma equação extraordinária…..demonstra que o desemprego dos professores não resulta da tão falada redução de alunos, por diminuição da taxa de natalidade. Resulta da vontade da ministra da educação.

Este é também o ano lectivo em que foram generalizados os cursos profissionais às escolas da rede pública. Este é um tema ao qual forçosamente teremos de voltar ao longo do ano lectivo, mas pode-se já ver que será mais uma panaceia, disfarçada com bonitos discursos.

Só a título de exemplo, e para quem está fora destes assuntos, lançam-se cursos que deveriam ser de carácter prático, por exemplo na mecânica, no comércio, na electricidade, etc, etc, sem se apetrecharem as escolas para eles.

Teremos então cursos práticos em versão teórica…

O que se esperava era que os fundos comunitários para a formação dos portugueses fossem aplicados, quem sabe, talvez a apetrechar as escolas para os cursos profissionais. Parece que não….

E é assim que se apregoa que estamos a preparar os técnicos portugueses para competirem com os técnicos do resto da Europa.

Acreditem, não levará muito tempo para se ver que afinal ainda não é por esta via… e vai-se brincando com a vida das pessoas que são o futuro deste país: as crianças e os jovens, fazendo experimentalismo….

Odivelas, 27 de Setembro de 2007.

Lúcia Lemos, Deputada Municipal da CDU