Conceição Matos

Conceição Matos distinguida com o Prémio Municipal Beatriz Ângelo 2024

Nos 50 anos do 25 Abril, é com uma enorme alegria que saudamos a aprovação da proposta da CDU de entregar este prémio a uma resistente antifascista, militante comunista. A atribuição do Prémio Municipal Beatriz Ângelo do Município de Odivelas a Conceição Matos em 2024 é prestar homenagem a todas as Mulheres que lutaram pela liberdade e pela dignificação da condição social da Mulher.

O Prémio Municipal Beatriz Ângelo visa distinguir personalidades, instituições e entidades, que se destaquem pela intervenção, em prol da promoção da igualdade de género e da não discriminação entre homens e mulheres.

Maria da Conceição Rodrigues Matos nasceu em 1936 em São Pedro do Sul. Ainda adolescente adere ao Movimento de Unidade Democrática (MUD – Juvenil) e inicia aí uma atividade política que a levará a passar à clandestinidade em 1962, já integrada no Partido Comunista Português.

Foi presa pela polícia política, pela primeira vez em 21 de Abril de 1965, dias antes do assassinato de Humberto Delgado. Foi impiedosamente torturada, tendo sofrido das piores humilhações infligidas a mulheres presas. Foi espancada, sovada durante vários dias, despojada das suas roupas, obrigada a urinar e a defecar numa sala de interrogatório e a limpar a sujidade com aquilo que trazia vestido. Libertada em Outubro de 1966, Conceição Matos volta a ser presa em Setembro de 1968, regressando a Caxias onde ficou em total isolamento durante mais de dois meses.

Conceição Matos prosseguiu o seu trabalho junto da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, em 1973, regressa ao trabalho clandestino do PCP. Desta vez, para fora do país. Quando aconteceu a Revolução dos Cravos, Conceição Matos e Domingos Abrantes estavam em Paris. Viajaram de avião para Lisboa, juntamente com Álvaro Cunhal e muitos outros exilados.

Conceição Matos faz conferências e debates nomeadamente nas Escolas. Diz: “Tenho o dever de dar o meu testemunho. Se não dissermos o que se passou, esta juventude, especialmente a juventude, não sabe nada. Hoje há uma tendência grande para o branqueamento. Do que se passou, do que foi o fascismo. Houve pessoas que morreram. Nós estamos aqui para contar a história. E vimos o 25 de Abril.”

Em 2014, nos 40 Anos de Abril, participou na Conferência da Liberdade promovida pela Câmara Municipal de Odivelas.

Ver a Proposta da CDU para o Prémio Beatriz Ângelo