26.04.2007
DECLARAÇÃO POLITICA SOBRE O 25 DE ABRIL
Desde o ano de 1974, passaram-se 33 anos. Hoje, cerca de 3 milhões de portugueses já nasceram depois da Revolução e objectivamente não viveram nem conheceram o que foi o fascismo. O processo de ajuste de contas com o 25 de Abril, particularmente sediado na destruição de direitos e conquistas, que as forças mais reaccionárias e conservadoras desenvolvem no nosso país, tem como peça complementar ocultar a natureza e os crimes do fascismo em Portugal.
O regime fascista baseou-se na feroz exploração dos trabalhadores e no atraso económico e social e foi marcado pelo domínio da economia nacional por grandes grupos monopolistas. O domínio da economia e da sociedade portuguesa pelos monopolistas e latifundiários aliados ao capital estrangeiro, afinal os grandes beneficiários e sustentáculos da direita fascista, fez com que Portugal chegasse ao 25 de Abril de 1974 como o país mais atrasado da Europa.
Impôs a supressão das liberdades de expressão, de reunião, manifestação e associação. Decretou a proibição de partidos políticos, da liberdade sindical e do direito de greve. Instituiu a censura e a repressão pela polícia política (só no período de 1932 a 1951, registadas 20 552 prisões políticas) as perseguições, torturas e prisão de opositores activos à ditadura fascista, particularmente militantes do PCP.
Manteve o colonialismo até ao fim dos seus dias e arrastou o país para 13 anos de guerras coloniais, com 10 000 mortos e 30 000 feridos entre os portugueses e muitos milhares de vítimas entre os povos das ex-colónias.
Foi responsável pela emigração de milhão e meio de portugueses entre 1961 e 1973, que deixaram o país em busca lá fora do trabalho e da liberdade que cá lhes era negado, e que constituiu a mais pungente denúncia da brutalidade e injustiça da ditadura que então existia em Portugal.
A viragem à direita que há longos anos ensombra e combate o Portugal de Abril tem, sob múltiplas formas e meios, procurado ocultar e branquear esta realidade.
A operação que no nosso país se desenvolve em torno da figura de Salazar é a mais ambiciosa até agora empreendida no sentido do branqueamento do regime fascista, de falsificação do papel histórico do seu principal responsável, de apologia e justificação da sua acção, de valorização da sua “personalidade” e “obra”.
Nesta operação sobre Salazar agora em curso convergem diferentes meios: a publicação coincidente de novos livros de apologia da sua figura “humana”, a iniciativa de criação de um museu em torno da sua “figura” e do seu “Estado Novo”, a instrumentalização do concurso da RTP “Grandes Portugueses”.
Tratou-se de uma deliberada, determinada e articulada peça inserida no longo processo de branqueamento, legitimação e reabilitação do regime fascista e da figura do seu principal responsável.
E não é por acaso que esta acção ocorre quando a situação económica e social das camadas populares atinge níveis de degradação insuportáveis, quando alastram a pobreza e o desemprego, quando novamente o grande capital comanda um poder político arrogante e autoritário, quando aos trabalhadores são negados direitos e liberdades fundamentais, quando, nas empresas, são reprimidos e perseguidos os mais corajosos lutadores, é tempo de lembrar as dolorosas lições da história. Foi em situações históricas semelhantes a estas – de grande crise social- que as classes dominantes, para manterem o seu poder, promoveram o aparecimento do fascismo, é procurando aproveitar o actual quadro que algumas destas ideias procuram ressurgir.
Pior, esta grande crise social ocorre quando um partido que se diz de esquerda, o Partido Socialista, está no governo, encerra hospitais e maternidades, liberaliza os despedimentos, entrega a privados grande património público. E não é uma simples política errada de que se trata, é de uma opção de classe, consciente, com o objectivo de dar largas, liberdade aos capitalistas para que possam á sua vontade explorar e reprimir os trabalhadores, juntar o dinheiro num pequeno grupo, aumentando ainda mais a concentração capitalista pela intensa multiplicação da pobreza no nosso país, país de Abril.
Não foram estes os “ caminhos Que Abril Abriu!…” – A CDU e o Partido Comunista Português lutará ao lado do povo como sempre o fez, contra o império da fome e da exploração, pela Liberdade e pela Democracia.
VIVA O 25 DE ABRIL!
VIVA A LIBERDADE!
FASCISMO NUNCA MAIS!
Odivelas, 26 de Abril de 2007
Os Vereadores da CDU