Numa comparação com a situação actual, Henrique Mendonça, lembrou que em 1974 e 1975 se vivia ainda a crise do petróleo, mas mesmo assim foi possível implementar, pela primeira vez no nosso país, o salário mínimo nacional, congelar os salários mais elevados, aumentar o abono de família que passou a abranger mais de meio milhão de crianças, assegurar, mesmo no desemprego, os benefícios da Previdência Social, duplicar os valores das pensões sociais para os inválidos e para os maiores de 65 anos, implementar, pela primeira vez, a licença de parto, alargar o período de férias para 30 dias, com as férias que passaram a ser pagas, criar o subsídio de Natal, reduzir o horário de trabalho, criar o embrião de um Serviço Nacional de Saúde universal e gratuito, promover, no ensino, um extraordinário acesso à frequência escolar, unificar o ensino básico, e muitas outras medidas que pela primeira vez se viram em Portugal.
Lembrou, também, que em Dezembro de 1975, apesar das dificuldades e do atraso do país em 1974, a missão da OCDE que se deslocou a Portugal dizia “Portugal goza, inesperadamente, de boa saúde económica, em comparação com outros países da OCDE, a experiência portuguesa não parece muito pior que a média”.
Referiu que hoje, no 37º aniversário do 25 de Abril, vivemos "sob um intenso e cerrado fogo contra tudo o que de bom e revolucionário Abril criou. Pela mão do PS ou do PSD e do CDS, sozinhos ou em aliança entre eles, os ataques são desferidos de uma forma brutal ignorando na maioria das situações a Lei fundamental – a Constituição da República – que eles próprios ajudaram a construir".
Reafirmou que "a dinâmica alcançada pela Revolução dos Cravos nos cerca de 570 dias, período que mediou entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975, criou muitas expectativas que foram ensombradas pela contra-revolução que tem vindo, sucessivamente, a dar profundos golpes nas conquistas alcançadas".
Disse acreditar que "as sementes de Abril voltarão a frutificar. Acredito que em Portugal e no resto mundo se irão operar mudanças e alterações profundas na sociedade em que o domínio do económico deixará de existir a favor de uma sociedade mais humana, mais justa e mais igualitária".
Terminou dizendo "Não quero acabar esta intervenção sem manifestar a minha mais profunda solidariedade a todos os trabalhadores às suas lutas pela vida de qualidade e dignidade.
Que viva Abril sempre !".
Depois, da intervenção do Militar de Abril, foram passados vídeos com as músicas mais representativas, "e depois do adeus" vídeo feito no Festival da Canção em 1974, outros com josé Afonso a cantar a "Grandola vila morena" e o Hino Nacional, a festa continuou com um complemento Cultural, com declamação de poesia, e canções, pelo conjunto Nozes e Vozes que integra músicos do Concelho de Mafra.
A festa decorreu com grande alegria e durou toda a tarde.