Apresentação Belém

CDU em Belém. Um novo rumo para a freguesia

 
Apresentação BelémO cabeça de lista da CDU na freguesia, o economista Josué Caldeira, explicou, na apresentação da lista de Belém, as profundas transformações que Belém sofreu nas últimas décadas e como elas condicionam a vida dos seus habitantes. Josué Caldeira falou de um processo de desindustrialização que implicou o encerramento de empresas e fábricas que empregavam mais de 1.000 trabalhadores. E com esta destruição de emprego teve uma influência

importante na perda de mais de 25% dos habitantes da freguesia nos últimos 30 anos.
 
“ Esta quebra demográfica na freguesia foi particularmente violenta nas suas zonas históricas, de maior presença de famílias operárias, designadamente, no território da anterior freguesia de Santa Maria de Belém (onde nos encontramos).“
 
“Se muito se lamenta (e com razão) a violenta perda de população que a cidade de Lisboa tem verificado nas últimas décadas, temos nós, aqui em Belém, de sublinhar com preocupação a brutal perda de população que a freguesia tem verificado (apresentando taxas de redução da população mais altas do que as do conjunto da cidade)”, explicou o candidato e também vereador substituto do PCP na Câmara Municipal de Lisboa (CML).
 
Josué Caldeira acrescentou que esta expulsão da população de Belém não se deve apenas ao encerramento das fábricas, mas também pelas alterações sociais no domínio da habitação que tem sofrido o território, agravadas pelas políticas dos sucessivos executivos da Junta e da CML.
 
“Se é verdade que este despovoamento tem ligações ao desmantelamento da base produtiva local, ele está também ligado a um terceiro elemento de transformação da freguesia e que é bem visível se percorrermos, de uma ponta à outra da freguesia (de Algés à Junqueira), a linha do elétrico, que se encontra nas vossas costas. Nesse percurso e na sua envolvente vamos encontrar, construídos ou em construção, uma dezena de condomínios residenciais fechados, alguns de grande dimensão, o novo imobiliário de luxo, o espaço do novo repovoamento com novos povoadores da freguesia que se apresentam com uma característica específica: têm um poder de compra capaz de pagar! Capaz de pagar uma casa a preços inacessíveis à esmagadora maioria da população ou capaz de pagar um nível de vida geral fora do alcance da maioria dos portugueses.”
 
“Sim, a freguesia de Belém, tal como a restante cidade de Lisboa, ainda que aqui com níveis superiores, está crescentemente inacessível à maioria da população, atractiva para os que podem, repulsiva para os restantes sendo que os restantes são o maior número.”
 
Josué Caldeira criticou as opções dos sucessivos executivos da Junta de Belém e da CML que, não só, nada fizeram para obstar a esta criação de uma cidade só para alguns, como, pelo contrário, foram activos cúmplices deste processo de expulsão de muitos dos habitantes de Belém.
 
“A gestão do PSD/CDS na Junta de Freguesia tem lidado de forma amigável com este conjunto de processos transformadores da freguesia e toda a sua gestão tem sido feita sem questionar minimamente as causas e os efeitos destas transformações e dos seus impactos sociais: parecem querer convencer-nos de que estamos todos bem e vamos todos ficar bem.”
 
Para o cabeça de lista da CDU só há uma solução para esta deriva, “o governo da Freguesia de Belém precisa de um novo rumo e a construção das condições para este constituirá o foco da luta dos candidatos da CDU à assembleia de freguesia. É necessário substituir as coordenadas políticas, ideológicas e programáticas que atualmente dominam a gestão da Junta de freguesia orientando a condução da freguesia numa perspetiva de futuro.
 
Para imprimir este novo rumo assumiremos três ideias principais:
Construir um programa de governo local orientado pelos valores da participação, da igualdade e do desenvolvimento urbano sustentável.
 
Romper com a noção de uma freguesia enclave, governada e reservada aos interesses dos privilegiados.
 
Construir uma Freguesia que acrescente mais vida a uma Lisboa com vida, com um programa de acção que garanta o direito à cidade para todos nas suas diferentes dimensões.”, explicitou Josué Caldeira.
 
 
Os alicerces da transformação da cidade
 
No encerramento da apresentação e perante dezenas de activistas do PCP, PEV e outros democratas, João Ferreira, candidato à presidência da Câmara Municipal pela CDU, sublinhou que a luta dos fregueses de Belém é a luta de todos os lisboetas, até porque muitos dos seus problemas são comuns à maioria dos habitantes da cidade.
 
“Num olhar clarividente que o Josué aqui deixou sobre a freguesia, já fica aqui dito muito sobre Belém, mas também fica dito muito sobre a cidade em que vivemos.”, garantiu o vereador.
“Nós vivemos numa Lisboa que viu desaparecer muitas das suas actividades económicas, houve uma forte erosão da base económica do desenvolvimento da cidade, perdeu emprego, indústrias e , em particular nestes últimos anos concentrou-se, naquilo que chamamos a monocultura intensiva do turismo que desprezou as actividades económicas essenciais para uma base económica diversa da cidade que possa garantir um trabalho digno com direitos e salários decentes”.
 
“Esta foi uma cidade que viu os preços da habitação serem atirados para níveis incomportáveis para quem aqui vive, para quem aqui viveu e para quem aqui gostaria de viver.”
 
“Lisboa foi lançada por vias de políticas governamentais, mas também por muitos que estiveram nos executivos municipais, Lisboa foi lançada num nível de voragem da especulação imobiliária que tornou o direito à habitação inalcançável para a maioria da população”.
 
Para João Ferreira, a acção dos eleitos da CDU e a luta das populações são a base segura em que se pode mudar, para melhor, Lisboa.
 
“Este trabalho que desenvolvemos nas freguesias, como Belém, e na CML são os alicerces mais seguros sobre os quais podemos desenvolver este projecto de transformação da cidade que temos. A tal cidade em que as várias funções que se faz a vida na cidade estejam asseguradas e garantam o direito à cidade.”