Este
encontro sobre os Bairros Municipais realiza-se num quadro político
complexo, marcado pela agudização da crise do capitalismo,
acentuando-se a política de direita levada a cabo pelo governo PS, com
reflexos na situação económica do país e no agravamento das condições
de vida do povo, no desemprego, nos baixos salários, nas pensões de
miséria, na falta de apoio às famílias em contraste com o grande apoio
ao capital financeiro, com o aval do Estado.
No Município de
Lisboa, também a governação do PS/António Costa, se tem pautado por uma
política neoliberal, mais virada para o apoio às políticas
governamentais do que para a resolução dos problemas da cidade,
designadamente, a qualidade de vida, o espaço público, a desertificação
da cidade e, em especial, o abandono a que estão votados aqueles que
habitam e vivem nos bairros municipais.
No âmbito da prática da
CDU de contacto regular com as populações foram realizadas dezenas de
visitas aos bairros e reuniões com as respectivas associações.
Na
generalidade dos Bairros Municipais, nos Bairros das Cooperativas e
outros confirma-se a existência de inúmeras carências designadamente,
na habitação degradada, na falta de equipamentos culturais, desportivos
e sociais, nos espaços verdes, nos espaços de lazer, na falta de
serviços de apoio à comunidade como farmácias, serviços médicos,
esquadras da PSP, serviços de higiene e limpeza da CML e serviço de
Multibanco.
A CDU tem vindo a denunciar esta situação ao longo do
tempo, junto dos poderes públicos, Câmara, Assembleia Municipal, Juntas
e Assembleias de Freguesia e Assembleia da República e apresentou
propostas para a sua resolução.
As visitas recentemente realizadas confirmam
·
A degradação e o vandalismo nos edifícios. A necessidade de uma maior
vigilância por parte da população, assim como da PSP e da Polícia
Municipal . Fomos alertados para a existência de cães perigosos
(soltos) em vários bairros.
· A transformação de lojas em fogos de
habitação. Estas instalações não têm condições de habitabilidade e os
moradores não conseguem fazer contratos de água e electricidade e estão
a viver com puxadas, com todos os problemas de segurança que daí surgem.
· A falta de elevadores e/ou a ausência de manutenção destes.
·
É também referida a existência de inúmeras ocupações de fogos, para as
quais devem ser tomadas medidas, tendo em conta uma análise social
justa.
· A degradação do espaço público e a falta de iluminação é uma constante em todos os bairros.
Algumas questões concretas
·
Bairros de Cooperativas – face ao estado de degradação e ainda a
inexistência de vínculo de propriedade é urgente a tomada de medidas
pelos Moradores, CML e IHRU;
· Galinheiras – É urgente a resolução
do encaminhamento das águas pluviais no Eixo Norte-Sul para o colector
bem como a abertura da ligação do Eixo Norte –Sul;
· BºCruz Vermelha – Melhorar os acessos de entrada e saída no bairro;
· Bº Laranjeiras – Concretizar a construção do acesso à Estação do Oriente;
· Bº Padre Cruz – Exigir a concretização imediata de um Plano de Intervenção no espaço público e no edificado.
·
Qtª. do Lavrado – A falta de equipamentos sociais ( farmácia, parque
infantil, etc) e de transporte ( o último autocarro é ás 21h00)
provocam um isolamento da população aí residente;
· Bairro Bensaúde (Olivais) – Infestação de ratos nos prédios.
· Bairro da Boavista – O deficiente funcionamento dos Serviços fornecidos pelos CTT e a falta do Mercado e da casa mortuária;
.
Bairro do Rego – O encerramento da esquadra nº. 31 e há meses o
encerramento da esquadra da Avª. João Crisóstomo na freguesia de Fátima
e a luta das populações.
. Bairro 2 de Maio – Elevada degradação do espaço público, lotes com portas e sem fechadura e sem campainhas a funcionar
.
Bairro das Furnas – Falta de elevadores nos prédios e dificuldades de
acesso ao Centro das Tílias – Extensão do Centro de Saúde de Sete Rios;
. Bairro da Liberdade e Serafina – Falta de implementação do Plano de pormenor aprovado pela CML;
. Bairro do Tarujo e de Pedrouços – Falta de saneamento básico em várias habitações.
A
solução do conjunto das situações detectadas, algumas muito complexas,
pelo seu caracter social, económico e político exige a participação e a
intervenção dos moradores e das suas Associações em defesa dos seus
direitos e interesses.
PROPOSTAS
·
Retomar os planos de emergência, vocacionados para obras, assim como, o
plano social de integração, com a criação de equipas de apoio.
·
A Gebalis e a Câmara devem assegurar a constituição de condomínios e a
sua gestão, enquanto o Município detiver 50% dos fogos na sua
propriedade.
· Definir um programa de incentivos à instalação de
actividades económicas, com isenção temporária de rendas, mobilizando
as Juntas de Freguesia como parceiros e visando a ocupação dos espaços
abandonados ou devolutos, nos rés-do-chão dos prédios e lojas,
nomeadamente: pequenas industrias ( canalizador, electricistas,
pequenas reparações), creches, cabeleireiro, arranjos de costura, etc.
· Exigir a construção de mercados no Bairro da Boavista e das Amendoeiras.
· Alterar o regime de renda apoiada, como o PCP defende, tendo já apresentado uma proposta de lei na Assembleia da República.
·
Os activistas da CDU devem incentivar à criação de Associações de
Moradores, com base nas questões concretas de cada bairro, e a
elaboração de cadernos reivindicativos.
· Incentivar a
intervenção das populações na manutenção das partes comuns dos lotes
como forma complementar de acção, para que os cidadãos sintam que
aquele espaço também é seu e se criem laços de convivência e
solidariedade entre os moradores.
· As Associações de Moradores
poderão contribuir de forma activa e ágil na resolução de pequenas
intervenções nas áreas comuns dos edifícios municipais, com o
contributo financeiro da GEBALIS, de forma a garantir a sua manutenção.
·
As Juntas de Freguesia devem ter um papel determinante no apoio à
formação das Associações, comissões de lote ou outras que os moradores
considerem importantes, dinamizando e promovendo as formas mais
adequadas à sua constituição.
· Reivindicar junto dos poderes
públicos todo o apoio na construção e instalação de equipamentos
culturais, desportivos e de lazer, de serviços como extensões de
centros de saúde, farmácias, esquadras da PSP, postos de limpeza da
CML, Caixas de Multibanco, assim como a melhoria dos transportes
públicos, aumentando o número e o horário de carreiras da CARRIS,
melhorando as acessibilidades e o ambiente urbano.
· Motivar as
populações para a eleição de Associações, com o objectivo de defender
os interesses dos moradores, junto da CML, do IHRU e/ou de outras
instituições, designadamente a GEBALIS.
As Associações
de Moradores devem contribuir de uma forma harmoniosa para uma efectiva
integração da comunidade local, promovendo iniciativas de carácter
cultural e social, valorizando as suas especificidades e, ao mesmo
tempo, desempenhar um papel reivindicativo para a melhoria das
condições de vida das suas populações.
Lisboa, 14 de Fevereiro de 2009.