A implementação das Zonas de Emissões Reduzidas baseadas na proibição de circulação de automóveis, com matrículas anteriores ao ano 2000 na Zona 1 e anteriores ao ano de 1996 na Zona 2, não só é uma medida de profunda injustiça social, como é uma amostra de profundo desconhecimento da Cidade, das suas zonas limítrofes e das dinâmicas criadas pelas deslocações diárias para os locais de trabalho e serviços públicos.
Estas medidas reflectem ainda um profundo desconhecimento das causas reais do excesso de circulação automóvel dentro da cidade pois a falta de alternativa credível em termos de transportes públicos, com elevados tempos de espera, níveis de conforto inaceitáveis, transbordos incómodos e elevados custos de bilhética, são os principais factores que impedem uma maior utilização dos mesmos.
O desmembramento e privatização dos serviços de transporte na Área Metropolitana e consequente aumento da bilhética, assim como a falta de estacionamento em pontos estratégicos, com conexão a uma rede de transportes públicos eficaz e eficiente, têm sido outros dos factores que vêm constrangendo a utilização do transporte público.
Não há indícios de que a diminuição verificada nos índices de poluição do ar se relacione com as medidas aplicadas anteriormente pela CML, tal como afirma o executivo PS. Numa época de crise em que diminuem o emprego e os rendimentos, era previsível que diminuíssem também o número de viaturas em circulação, o que não se traduziu no aumento do número de utentes a utilizar os transportes públicos.
Nos estudos apresentados pela CML, tão pouco são consideradas as tipologias e potencial poluente dos automóveis de maior cilindrada, mostrando que do ponto de vista científico não são considerados dados disponíveis mas apenas as orientações de uma UE, que descarta invariavelmente os que maiores dificuldades tem.
A proibição da circulação dos veículos mais antigos não é solução para a obtenção de uma Cidade menos poluída. A diminuição da poluição do ar só pode ser conseguida com uma rede de transportes públicos que cumpram as principais premissas para os quais foram criados: Rapidez, Fiabilidade, Conforto e Baixo Custo.
Os Vereadores do PCP na Câmara Municipal de Lisboa desde sempre colocaram dúvidas sobre a implementação de tais medidas e nesse sentido foram os únicos que votaram contra.
Nota à Comunicação Social | Consultar PDF
ZER – Zonas de Emissões Reduzidas
Para um Problema Real uma Falsa Resposta