A CDU realizou, no dia 4 de Fevereiro, na Casa do Alentejo, um debate acerca do futuro da Colina de Santana, no qual participaram cerca de 200 pessoas. O debate contou com a intervenção do deputado municipal do PCP, Carlos Silva Santos, que orientou o seu discurso para a defesa dos serviços públicos de saúde na cidade de Lisboa.
“Na cidade de Lisboa está em curso um violento abalo sísmico anti saúde nos hospitais de Lisboa.
O diagnóstico é evidente, a opção neoliberal é clara e visa o desmantelamento do sector público de saúde e a sua substituição por um sistema privado predador e implacável, da responsabilidade dos grupos económicos nacionais e internacionais.
O que vemos então: o enceramento de mais unidades hospitalares no centro da cidade. Já fecharam o hospital do Desterro, o hospital Miguel Bombarda e o hospital Pulido Valente está praticamente desmantelado. Com o pretexto da criação do hospital Oriental de Lisboa de média dimensão pretende-se encerrar a quase totalidade dos antigos hospitais civis titulares de alguns dos serviços mais diferenciados e qualificados do país. Não fica pedra sobre pedra destas históricas instituições de saúde e quem perde são os cidadãos de Lisboa e não só, visto a área de referência destas unidades é muito mais vasta e em alguns casos atinge todo o sul do país.
Esta vaga de encerramento de camas e serviços é acompanhada da delapidação dos recursos humanos em geral e muito particularmente de médicos que se vêm compelidos a emigrar para o privado ou para o estrangeiro.
De forma evidente a destruição do sector público é acompanhado pela instalação de hospitais privados que pretendem capturar os recursos públicos. Nesta crise desencadeada e promovida pela direita a desorganização e a insuficiência de resposta dos serviços públicos, nomeadamente dos serviços de urgência, só serve para facilitar a emergência dos privados.
Neste contrabando contra o SNS o papel da direita é conhecido, não surpreende ninguém, e mantém-se desde a sua implantação:- tudo fazer para o liquidar.
Do governo da cidade e do país seria de esperar outra atitude em defesa do SNS. Mas o PS em Lisboa tem participado e dado cobertura a todos os desmandos de forma objectiva e sem qualquer assomo de dúvida ou de má consciência. A especulação imobiliária nos cobiçados terrenos dos hospitais civis é clara e patrocinada pelo executivo municipal e pelo seu principal agendador facilitador, o vereador Manuel Salgado. Os privados em Lisboa contam com a câmara PS para ceder novos terrenos e espaços para instalar ou estender as novas e muito lucrativas unidades hospitalares que contam com o sangramento livre dos recursos públicos.
Alertados para estes problemas na cidade que fazem os deputados municipais do PS? Nada. Não contestam, fingem que não vêm e nem ouvem. Perante propostas objectivas do PCP recusam rejeitar o modelo das parcerias Público/privado e são claramente contra a defesa do Parque Hospitalar de Lisboa.
O PS na cidade já merecia o epiteto de barriga de aluguer dos desmandos do Ministério da Saúde e, agora, fica-lhe bem o título de auxiliar de coveiro dos serviços de saúde na cidade. Para que conste e não seja esquecido aqui se alerta o povo de Lisboa.”