Comunicado do Sector de Empresas de Cascais do Partido Comunista Português
A notícia do encerramento do refeitório e do bar do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA) após a realização de uma vistoria da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) não é mais do que o resultado da gestão ruinosa feita pela administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). Uma gestão cada vez mais ligada aos interesses financeiros, como ficou demonstrado com a entrada no capital da Associação Mutualista Montepio Geral, e afastada do seu âmbito social.
No CMRA a prestação de cuidados médicos de excelência há muito que deixou de ser uma prioridade para a administração da SCML. Para os profissionais de saúde e restantes trabalhadores daquele espaço o encerramento do refeitório não foi uma novidade, como também não são novidade as avarias constantes nos elevadores que atrasam a chegada dos utentes aos tratamentos, as casas de banho permanentemente encerradas, os balneários danificados e gelados, a falta de pessoal e material, bem como as discriminações sobre os trabalhadores que os levou à luta e à marcação de algumas greves, ao longo dos últimos anos.
A SCML apresentou no relatório de gestão e contas de 2018 resultados líquidos positivos de 33,3 milhões de euros, a que se somam os 42,4 milhões de 2017 e os 21,1 milhões de 2016. Um resultado líquido de quase 100 milhões de euros durante os últimos três anos que, como o próprio comunicado de SCML faz questão de salientar, reflecte “uma gestão sólida e prudente, que se traduz em contas robustas e sustentadas.”
Pode ler-se na página da SCML: “O Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão é reconhecido, nacional e internacionalmente, pelos cuidados especializados que disponibiliza no âmbito da Medicina Física de Reabilitação, em regime de ambulatório e internamento”, ao qual devemos acrescentar: graças aos seus profissionais de saúde.
O Sector de Empresas de Cascais do PCP repudia a política encetada no CMRA pela Mesa da SCML que administra este equipamento de saúde de uma forma meramente economicista, fazendo uma gestão afastada dos interesses dos seus utentes e trabalhadores. Os sucessivos problemas com que o CMRA se tem debatido são demonstrativos que a saúde é um direito constitucional sobre a qual não podem pairar interesses privados que afastem o foco daquilo que deve ser a prioridade, as pessoas.